Detalhando a pesquisa XP/Ipespe

Palácio do Planalto azul Misto Brasília
Palácio do Planaldo, sede do governo federal, iluminado com a cor azul/Arquivo/Divulgação
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Alívio nos indicadores para o governo em relação à pandemia, mas vão na contramão das expectativas sobre a economia

Texto de André César

A nova rodada da pesquisa XP/Ipespe, realizada entre os dias 25 e 28 de outubro, registra o primeiro recuo numérico na reprovação ao governo Jair Bolsonaro (sem partido) em um ano. No mesmo sentido, o ex-presidente Lula da Silva (PT) segue na liderança, mas sem aumentar a distância em relação aos adversários.

De acordo com o levantamento, hoje são 54% os que dizem que o governo é ruim ou péssimo, contra 55% no levantamento anterior, realizado em setembro. A aprovação segue tendência similar, de melhora dentro da margem de erro, passando de 23% para 24%. A confirmação de uma reversão efetiva na tendência que se registrava havia 12 meses ainda depende das próximas rodadas da pesquisa.

O alívio nos indicadores para o governo acompanha a continuidade da melhora do sentimento em relação à pandemia (os que não estão com medo do surto passaram de 30% para 35%), mas vai na contramão das expectativas sobre a economia, que seguem em trajetória de declínio – 67% avaliam que a economia está no caminho errado, contra 64% em setembro. A piora acontece desde agosto e, dada a realidade, tende a se acentuar nos próximos meses.



No plano eleitoral, a pesquisa confirma a liderança do ex-presidente Lula da Silva. No principal cenário estimulado, ele aparece com 42% das intenções de voto, um ponto percentual a menos que no levantamento passado. A marca interrompe uma tendência de crescimento que se registrava desde abril deste ano, quando o Supremo Tribunal Federal confirmou as decisões que devolveram o ex-presidente ao jogo.

Mesmo assim, Lula está 14 pontos à frente de Bolsonaro, que tem 28%, mesmo percentual do mês anterior. Atrás deles estão o neopedetista Ciro Gomes (11%), o tucano João Doria (4%), o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (3%) e o presidente do Senado Federal Rodrigo Pacheco (2%).

Em um cenário alternativo com a inclusão de Sergio Moro e a substituição de Doria por Eduardo Leite, Lula chega a 41% e o titular do Planalto a 25%. O ex-ministro da Justiça de Bolsonaro atinge 8%, um ponto a menos que Ciro Gomes, o que indica um bom potencial de crescimento de sua candidatura, caso ela seja viabilizada.

Nas simulações de segundo turno, Lula da Silva segue vencendo em todos os cenários, embora a distância para Bolsonaro (50% a 32%) e Moro (52% a 34%) tenha se reduzido dentro da margem de erro.




A rejeição aos dois principais candidatos oscilou um ponto para mais nos dois casos. Hoje são 46% os que dizem que não votariam em Lula de jeito nenhum e 61% os que dizem o mesmo sobre Jair Bolsonaro. Níveis elevados, nos dois casos.

Em termos gerais, o levantamento evidencia ainda mais a dependência que Bolsonaro tem de seu eleitor mais fiel, hoje pouco mais de 20% do total. Para reeleger-se presidente da República ele precisará romper essa bolha. Esse quadro, por sinal, alimenta as especulações de que o titular do Planalto tentará outro cargo, de senador ou de deputado federal. A conferir.

Por fim, a chamada terceira via segue patinando. A única novidade nesse campo é Sérgio Moro, que está prestes a se filiar ao Podemos para dar início a seu projeto eleitoral. Resta saber se terá fôlego para barrar a polarização em curso.

Uma última consideração. O relatório da mais recente rodada da pesquisa Ipespe foi divulgado sem o nome do patrocinador, a XP. Isso se deu, segundo consta, em decorrência da insatisfação de diretores da corretora com os números apresentados pelo instituto nos levantamentos anteriores. Coisas do mercado.


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