Pacheco descarta ser vice na chapa de Lula da Silva

Senador Rodrigo Pacheco Misto Brasília
Rodrigo Pacheco é o atual presidente do Senado e do Congresso/Arquivo
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Numa entrevista, o presidente do Senado disse que “nenhuma dessas hipóteses tem sido considerada”

O presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, não quis antecipar a discussão de 2022. Em Lisboa para um evento sobre a CPLP e o agronegócio, diz ter uma “relação cordial” com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e admite que a atual imagem do Brasil não é a melhor.

Nesta entrevista concedida ao Diário de Notícias, de Lisboa,. Pacheco afirmou “que eu considero que, no meu caso específico, para a minha carreira política, houve uma considerável evolução ao me filiar no PSD”.

O site reuniu algumas perguntas e respostas dessa entrevista.



No dia em que se filiou, procurou associar a sua imagem à do presidente Juscelino Kubitschek, outro mineiro, como figura conciliadora e criticou a divisão “em que cada um não admite o contrário e não aceita a existência do outro”. Isso significa que acha importante haver uma terceira via no Brasil e, de certa forma, imagina que pode encarnar essa terceira via?

Considero que o Brasil precisa hoje do seu presidente eleito, não de candidatos a presidente, porque temos problemas imediatos. Em 2022 teremos candidatos a presidente. E é importante que tenham propostas para o Brasil. Propostas alternativas às propostas convencionais são muito bem-vindas para o amadurecimento político. A minha posição não é uma posição definida, se disputarei ou não a eleição em 2022, neste momento eu ocupo-me com a presidência do Senado sem antecipar em absolutamente nada a discussão de 2022 e considero que assim contribuo muito para o país. No momento certo, vamos tomar uma decisão em relação à nossa posição quanto a 2022. Agora, independentemente de qualquer projeto a nível nacional, o presidente Kubitschek deve ser inspiração de todos os políticos, seja vereador, deputado, senador, governador, presidente da República… Foi o maior presidente que tivemos, o maior estadista brasileiro. Fez inúmeras coisas por acreditar nos seus sonhos, trabalhar muito e ter muita confiança e patriotismo no Brasil.



Ainda a pensar nas presidenciais, especulou-se que poderia ser candidato a vice de Lula da Silva. Essa hipótese está em cima da mesa?

Nenhuma dessas hipóteses tem sido considerada. Eu tenho um compromisso com a presidência do Senado. Considero que, da minha parte, uma antecipação da discussão política eleitoral de 2022 não seria positiva para o Brasil, em razão da minha condição de chefe de poder. Reservo essas discussões para 2022.

Bolsonaro foi acusado de vários crimes na CPI da covid. Acha que também devia ser alvo de um impeachment?

A avaliação sobre o impeachment cabe ao presidente da Câmara do Deputados. Há pedidos de impeachment formulados contra o presidente, não posso fazer um juízo jurídico sobre o mérito de cada um desses pedidos, se têm pertinência ou não, só posso fazer um juízo político. E o meu juízo político é que um processo de impeachment no Brasil, neste momento, seria muito ruim para a estabilidade de que precisamos para enfrentar os problemas que temos, de fome, de miséria que bate à porta dos brasileiros, de inflação, do câmbio elevado, de juros altos, de crise energética, de crise hídrica e do desemprego, que é infelizmente algo que nós ainda não conseguimos resolver. Tudo isto precisa de uma mobilização nacional, de união e de estabilidade. Tudo o que o processo de impeachment não confere. O impeachment acabaria por tomar conta da agenda do Congresso, da agenda do Brasil, e os problemas só evoluiriam e seria muito ruim.




Falou da Amazónia, sempre sujeita a um foco negativo por causa da desflorestação. É possível fazer a extensão da agropecuária e manter a proteção da natureza?

É perfeitamente possível. A mata nativa, em estado natural, representa 66,3% da área do Brasil. Esse número é surpreendente. E a agricultura corresponde a 9% da nossa área e a pecuária a 20%. A partir do momento em que há a consciência de que temos de preservar as nossas matas e temos de, em vez de desmatar, estimular o aumento das nossas florestas a partir de programas e mecanismos que incentivem isso, inclusive remunerando serviços ambientais, remunerando a preservação, podemos fazer da nossa agropecuária uma agropecuária mais produtiva. Podemos duplicar a nossa produtividade só com tecnologia, com ciência, com inovação e com pesquisa. E isso incrementa as nossas divisas, aumenta a nossa arrecadação, aumenta a nossa capacidade económica sem a necessidade de desmatar. Há diversas experiências inclusive já implementadas no Brasil. O agronegócio brasileiro vai assimilar isso e nós vamos conseguir ter mais produtividade, preservando as nossas florestas. Vejo o momento como nunca antes visto no Brasil de consciência ambiental.


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