Juventude: há muito para ser feito!

Crianças brincadeira DF Misto Brasília
Faltam políticas públicas reais em favor das crianças e dos jovens/Arquivo/Agência Brasília
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Em um cenário de pouca esperança, a juventude deve se doar por um projeto verdadeiro

Texto de Mariana Rocha e Raquel Dias

Desde o início da formação de frentes contra a atual gestão do governo Federal, para além das motivações que a cada novo trimestre foram acrescidas por problemas nas mais variadas pautas ministeriais e circunstâncias diplomáticas, o que se nota é a falta de jovens no contexto de oposição, organizados, protagonistas e replicadores de um projeto político para superar a crise onde o Brasil parece estar enterrado.

De um modo geral, as mobilizações das frentes que encenam a política, apesar de se constituírem através do discurso da busca pela justiça social, pela luta contra fome, pela retomada do crescimento e para cessar retrocessos, uma importante pergunta ecoa: como é que as bases políticas estão cuidando das pessoas, em especial da vida dos jovens brasileiros?




Afinal, acima de qualquer objetivo que busque justiça, está o amor à humanidade e ao planeta, que só se dará pelas mãos destes que hoje são jovens e estão sofrendo. Então, de que forma os setores da política brasileira e da sociedade civil organizada estão atuando pela vida dos jovens e futuro do Planeta?

É urgente que criemos projetos, ideias e investimentos para a juventude. Governos estaduais, governos municipais, partidos políticos, sociedade civil e empresariado precisam convergir pela vida das juventudes, construindo e executando iniciativas que possam dar perspectiva e acelerar ideias de negócios que a todo momento surgem desse público, mas principalmente alavancar o engajamento juvenil dentro da política e de ideias que nos ajudem a incluir “geral” no nosso futuro.

Como jovem e mulher é preciso destacar a vulnerabilidade das meninas em um futuro tão incerto, afinal, todas nós merecemos e temos direito à educação, mas, segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, a Unesco, a pandemia pode interromper a educação de mais de 11 milhões de meninas pelo mundo e é fato que as oportunidades, para nós mulheres, estão absolutamente associadas ao grau de instrução, mais que para os homens, na verdade, muitas vezes precisamos provar várias vezes que realizamos tarefas tão bem quanto homens ou muitas vezes, de forma ainda mais eficiente.



Tecnologia e juventude

Os dados da Unesco afirmam também que meninas com mais escolaridade são mais propensas a conseguir melhores salários e trabalho decente como nós mulheres. Um ano adicional de escola pode aumentar a renda das mulheres em até 20% Somos muitas, somos muitos, vamos juntos! 50 milhões de jovens no Brasil é o que temos hoje.

A formação de base segue com dificuldades para ampliar e dinamizar a atuação nas Redes Sociais, e se conectar literalmente com a opinião e linguagem dos jovens, além disso, surgem novos fenômenos na política no Brasil, esvaziamento de espaços tradicionais de organização e surgimento de outros, fatos indissociáveis para a realidade eleitoral de formatação da opinião e mobilização públicas até que o próximo fato venha à baila brasileira.

Classes organizadas perdem a força com modificações legais principalmente trabalhistas e a necessidade de adaptação frente uma pandemia global, me refiro respectivamente ao recuo dos sindicatos ou perda de associados de grande influência social e política em função do fechamento de fábricas tradicionais para a base industrial brasileira e em seguida, a aparição do ensino escolar na modalidade “online”.




A pandemia já carrega dados alarmantes, imagine que mais de 90% da população estudantil global foi afetada em 200 países, 760 milhões de meninas.

A “escola em tempos de pandemia”, além da falta do convívio social a não democratização do acesso à tecnologia criou abismos ainda maiores para os mais desfavorecidos.

É preciso frisar que mesmo antes da pandemia, dados da pesquisa TIC Kids Online Brasil mostraram que 24,3 milhões de crianças e adolescentes com idade entre 9 e 17 anos eram usuários de internet no Brasil, o que corresponde a cerca de 86% do total de pessoas dessa faixa etária no país, um percentual mais alto que a média da população em geral, que está em torno de 70%.

O fato é que somos muitos jovens conectados, mas boa parte de nós não se atrai ou se preocupa o suficiente com os rumos que nosso país e nosso planeta estão tomando. Comece por você, seja um jovem engajado e inspire!

A começar por nosso próprio despertar de consciência, falando , conversando e participando da democracia através do voto, cientes de que uma candidata ou um candidato não possuem a verdade absoluta e que política não é sobre “verdades absolutas”, mas sobre a convergência social pelo bem viver humano na Terra, só que para isso, os jovens precisam ser protagonistas e ter a chance de ocupar “cargos de poder”, principalmente para que possamos, o quanto antes, ter novos olhares na gestão de pessoas e também da “coisa pública”.



Internet e “influenciadores”

Seja no que tange a empregabilidade ou na escola, os jovens são os mais afetados, não há dúvidas. No que diz respeito aos índices de desemprego entre jovens, o número é mais que o dobro se comparado com os trabalhadores em fase adulta.

O caminho? Seria ingênuo dizer que existe “uma fórmula”, mas a compreensão sobre preocupação e mobilização organizadas, nas novas formas de sociabilidade “em rede” e na necessidade de ouvirmos jovens, envolvermos em campanhas, garantindo-os empregos que promovam o empoderamento e as políticas públicas e até mesmo, em projetos que envolvam mandatos políticos.

O ambiente das redes, possibilitou que anônimos se tornassem também influenciadores de opinião, o que requer de nós cautela, afinal, há muitos “influenciadores” que se valem de títulos acadêmicos e até mesmo fingem tê-los para distorcer fatos científicos, ou afirmar pensamentos preconceituosos, abusivos e violentos.

Então precisamos nos envolver de tal forma que façamos mais pela construção de consciência e participação juvenil, ocupando iniciativas voluntárias para chegarmos em outros jovens.

Há muito para ser feito, precisamos arrefecer os ânimos, as brigas, as divergências e criar ambientes diversos, próprios para o diálogo, sabendo que não vamos todos concordar em nossas idéias, porém que precisamos convocar mais jovens a votar, a opinar, a participar e perceber que o futuro é agora.



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