Roberto Campos disse que desancoragem da expectativa de inflação para 2022 está parecida com a observada em 2017
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira (14) que, embora haja questionamentos em relação ao arcabouço fiscal de curto prazo no Brasil, os agentes de mercado apontam que a grande fragilidade está na capacidade de o país crescer no longo prazo.
Em apresentação durante evento promovido pelo Tribunal de Contas da União (TCU), Campos Neto disse que a autoridade monetária tem demonstrado preocupação com o aumento de núcleos da inflação no Brasil e ressaltou que os índices de preços estão claramente descolando, com “elementos de disseminação bastante ampliados”.
No evento, o presidente do BC disse que a desancoragem da expectativa de inflação para 2022 está parecida com a observada em 2017, sendo “superimportante” o BC atuar e ancorar as expectativas. “O imposto mais maligno que temos é a inflação, é muito importante agir de forma rápida, consistente, de forma transparente para que a gente consiga abortar esse processo de desancoragem”, afirmou.
Segundo Campos Neto, os agentes de mercado estão dizendo que o crescimento estrutural do Brasil está mais baixo do que o previsto anteriormente.
“Parte desse prêmio na parte longa da curva está em parte associado a ruídos [fiscais], mas existe questionamento sobre a capacidade de o país crescer”, afirmou.
Campos Neto afirmou que o ciclo de aperto monetário no mundo deve secar ainda mais a liquidez e destacou que o Brasil precisaria desses investimentos para gerar crescimento econômico em um momento em que a parte fiscal “está exaurida”.