Dezenas de jornalistas perderam seus empregos por conta da crise financeira que atinge os veículos de comunicação
A manchete de hoje (23) no portal do Jornal do Commércio, define bem como se encontram agora dezenas de trabalhadores dispensados pelo Sistema Jornal do Commercio de Comunicação, do qual faz parte o sítio eletrônico. O assunto destacado diz que o “Brasil vive seu Natal mais desigual com recorde de diferença entre as compras de ricos e mais pobres”.
A manchete se referia a uma série histórica da pesquisa de intenção de compra da Fundação Getulio Vargas. Dentro da redação o clima era de um triste Natal, porque muitos profissionais foram demitidos na véspera da festa da Cristandade.
Nota do Sindicato dos Jornalistas de Pernambuco observa que “hoje como registrado nos últimos anos, o sistema presenteou mais de uma dezena de seus colaboradores do Jornal do Commercio, TV Jornal e Rádio Jornal com a demissão”. Veja a nota abaixo.
A empresa não se manifestou sobre as demissões. Segue um roteiro que já se tornou comum nos últimos anos, com o fechamento de redações e a extinção de veículos de comunicação tradicionais, por conta da crise econômica e também pelos novos paradigmas da mídia.
Já os Diários Associados, que controla o Correio Braziliense e o Estado de Minas, jornais também estão em grande crise financeira. No início desse mês, os funcionários do matutino de Minas Gerais promoveram uma greve para protestar contra os salários atrasados.
Recentemente, a sucursal do El Pais no Brasil fechou as portas. Aproximadamente 20 jornalistas foram demitidos.
No início de dezembro, também em Pernambuco, jornalistas e outros trabalhadores foram demitidos pelas TVs Tribuna e Guararapes. As duas empresas teriam desligado 24 trabalhadores.
Nota do Sindicato dos Jornalistas
Dezembro tem se tornado um mês de sofrimento para os trabalhadores do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação (SJCC). Hoje, como registrado nos últimos anos, o sistema presenteou mais de uma dezena de seus colaboradores do Jornal do Commercio, TV Jornal e Rádio Jornal com a demissão.
Não que exista o melhor momento para comunicar um desligamento, mas, na véspera das festas de final de ano, certamente não é. Só mostra a falta de sensibilidade e respeito da empresa e dos gestores para com os jornalistas. Em anos anteriores, mais de 150 profissionais foram desligados justamente no período natalino.
E, agora, em 2021, novamente a história se repete. Alguns trabalhadores desligados tinham mais de 10, 15, 20 anos de casa. Profissionais de diversos setores foram afetados: redação, fotografia, mídias digitais, rádio, televisão.
Em um jornalismo cada vez mais digital, como compreender a extinção do departamento de fotografia, demitindo profissionais premiados e com serviços prestados a empresa?
A justificativa dos gestores é sempre a mesma: “as contas não fecham e é preciso enxugar”. Mas enquanto as empresas de comunicação tiverem o pensamento fixo que manter o jornalista é prejuízo e que a solução é cortar postos de trabalho, o modelo de negócio não vai prosperar. Jornalismo não é custo e, sim, investimento.
Não se faz o bom jornalismo sem profissionais que são referências. Não se faz bom jornalismo com redações cada vez mais enxutas e com cada vez mais acúmulos de função.
Mas a prática dos últimos anos indica que o SJCC acredita no contrário, com o seu plano de demissões frequentes e de critérios questionáveis, o que o Sindicato dos Jornalistas de Pernambuco (Sinjope) vem denunciar e repudiar em público. Afinal, este sindicato vê os trabalhadores bem mais do que contracheque, custo e balanços contábil.