Francisco lamentou que, depois da pandemia” estamos mostrando que ainda temos em nós o espírito de Caim”
O papa Francisco criticou implicitamente a Rússia neste domingo (17) que arrastou a Ucrânia “para uma guerra cruel e sem sentido”, em sua tradicional mensagem de Páscoa, lida da varanda da galeria central da fachada da Basílica de São Pedro, na bênção Urbi et Orbi. O pontífice pediu ainda que os líderes mundiais lutem pela paz.
Depois de celebrar a Missa no Domingo de Páscoa na Praça de São Pedro diante de 100 mil pessoas, o papa referiu-se à “incredulidade” que estamos experimentando com esta “Páscoa de guerra”. Após dois anos de restrições devido à pandemia de covid-19, essa foi a primeira a Páscoa desde 2019 que o público foi autorizado a participar das celebrações.
Francisco lamentou que, depois da pandemia, “em um momento de sairmos juntos de mãos dadas”, no entanto, “estamos mostrando que ainda temos em nós o espírito de Caim, que olha para Abel não como um irmão, mas como um rival, e pense em como removê-lo”. O papa dedicou grande parte da mensagem à Ucrânia e chegou a comparar com o choque de uma nova guerra na Europa com a reação dos apóstolos ao ver Jesus ressuscitado.
“Nossos olhos estão incrédulos nesta Páscoa de guerra. Vimos muito sangue, muita violência. Nossos corações estão cheios de medo e de angústia”, disse Francisco. “Que haja paz na Ucrânia martirizada, tão duramente provada pela violência e destruição da guerra cruel e sem sentido para a qual foi arrastada. Que em breve amanheça uma nova aurora de esperança sobre esta terrível noite de sofrimento e morte”, acrescentou.
Apesar das duras palavras, o papa não citou a Rússia na mensagem e nem o presidente russo, Vladimir Putin. “Que a paz seja escolhida. Que parem de fazer demonstrações de força enquanto as pessoas sofrem”, completou Francisco.
“Tenho diante dos meus olhos a visão de crianças órfãs e em fuga da guerra. Olhando para elas, não podemos deixar de perceber o seu grito de dor, juntamente com o de muitas outras crianças que sofrem em todo o mundo: as que morrem de fome ou de falta de cuidados médicos, as que são vítimas de abuso e violência e as a quem foi negado o direito a nascer”, acrescentou.
O papa agradeceu aos países europeus que acolheram os refugiados ucranianos, porém, lembrando que outras situações de “tensão, sofrimento e dor que afetam demasiadas regiões do mundo” não devem ser esquecidas. Em seguida, ele pediu a paz no Oriente Médio e citou os conflitos em Israel, Síria, Iraque e Iêmen.