Apenas 30% dos carros que circulam pelas ruas e estradas possuem algum tipo de cobertura
O mercado dos seguros ainda tem muito caminho por andar no Brasil. O fato é que nosso país não se caracteriza por ter uma “cultura do seguro” incorporada na mentalidade dos cidadãos. Ainda nos casos dos seguros mais conhecidos, como de carro ou de vida, a incidência na população continua sendo baixa demais.
Os números falam por si só: no que tem a ver com os seguros de veículo, o mais popular no Brasil, apenas 30% dos carros que circulam pelas ruas e estradas possuem algum tipo de cobertura de acordo com os dados fornecidos pela Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização-CNseg.
O percentual é realmente baixo, ainda mais levando em conta que, no nosso país, a lei estabelece que é obrigatório contar com algum tipo de seguro para poder dirigir pelos caminhos em todos os estados.
Mesmo assim, esses últimos meses têm sido de crescimento para o setor. Como surge do Índice Neurotech de Demanda por Seguros (INDS), desenvolvido pela consultoria especializada em inteligência artificial aplicada aos seguros e créditos, a procura e solicitude de seguros de automóveis registrou um incremento de quase 22% no mês de abril deste ano na comparativa com o mesmo mês de 2021.
Segundo o levantamento, a procura por esse tipo de serviços apresenta variações segundo a região analisada. Os estados que registraram os incrementos mais elevados foram Paraná (24,66%), Minas Gerais (19,72%) e São Paulo (19,51%). Crescimentos interessantes na demanda também foram percebidos no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro, com 13,89% e 10,99% respectivamente.
Qual é o motivo do aumento na procura?
Não é simples estabelecer uma única causa deste comportamento nos motoristas e donos de carro. Mesmo assim, é possível considerar alguns dos fatores que mais podem ter influenciado na decisão de muitas pessoas por procurar maior proteção para os seus carros.
Em primeiro lugar, apesar de que a pandemia não acabou, como bem lembra a própria Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), a realidade é que todas as medidas preventivas estão flexibilizadas, e que a grande maioria da população está “voltando à normalidade”. Isso necessariamente incrementou a circulação de indivíduos e de veículos nas ruas, provocando um aumento nos acidentes de trânsito.
Desse jeito, quem estava com o carro parado na garagem, ficou mais exposto a sofrer algum tipo de sinistro e ter que arcar com os custos de reparações, reposições de peças e, se o acidente for mais grave, custos de internações ou ações judiciais.
Mais um aspecto que pode estar influenciando na procura por seguros é o incremento na criminalidade dos últimos meses. Conforme a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, por exemplo, 11.751 veículos foram roubados ou furtados em abril deste ano, ou seja, 31% a mais do que os roubos/furtos registrados no mesmo período de 2021, quando as unidades denunciadas foram 8.973.
Para as autoridades, o crescimento na criminalidade ligada aos carros também tem a ver com o desarranjo e escassez no mercado de peças automotivas.