Desafios das mudanças nas organizações cooperativas

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O cooperativismo enfrenta novos desafios no mercado/Arquivo/ES Brasil
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Muitas das milagrosas soluções não são aplicáveis, mas a prioridade é tocar os negócios no ambiente revolto

Por Remy Gorga Neto – DF

Estamos em meio a um turbilhão de informações que nos chegam todos os dias dando conta das profundas mudanças que estão acontecendo no mundo. Transformação digital, era do conhecimento, “mundo vuca” e “mundo Bani”, indústria e liderança 4.0, internet das coisas, inteligência artificial, ESG, business intelligence, ufa…! Não dá tempo nem de respirar e já chega mais uma informação dizendo que outras mudanças estão vindo e irão impactar o ambiente das nossas organizações, cooperativas e empresas.


Insanidade pensar que podemos estar antenados em tudo que acontece no mundo empresarial, organizacional, político e tecnológico e preparados para lidar com todos os desafios que nos são apresentados cotidianamente, mas também não podemos simplesmente nos mantermos alienados sobre o que acontece.

Mas, então, o que os líderes cooperativistas, em meio a esse turbilhão de informações, precisam considerar como prioridade para tocar os negócios das cooperativas, conduzir as suas equipes, navegar no ambiente revolto das relações políticas e institucionais?

Já participei de inúmeros eventos, nacionais e internacionais, que tratam de questões voltadas aos processos de governança, gestão, liderança, inovação, tecnologia, futurologia, perspectivas, desafios, cenários e assim por diante. Na esteira dessas problemáticas, diversas soluções são apresentadas. No entanto, muitas das milagrosas soluções não são aplicáveis, por sua natureza ou custo, ou não produzem resultados.



Isso não quer dizer que temos que abandonar as teorias e previsões e nos voltarmos somente para os problemas do dia a dia; pelo contrário, devemos estar atentos ao que acontece fora dos nossos muros, considerando que os conceitos, abordagens, lições, insights, modelos… nos permitem ter uma bagagem importante para enfrentarmos os desafios impostos.

Precisamos, no entanto, filtrar o volume de informações e propostas para não ficarmos perdidos nesse emaranhado de ideias e metodologias, e ter a capacidade de entender a sua aplicabilidade, o que está mais próximo e o que está distante da nossa realidade. Fácil? Talvez não!

Considerando o nosso modelo de negócios cooperativo e suas particularidades, acredito que podemos estabelecer uma linha mestra que define os principais pontos de atenção para se implementar processos de governança e gestão que proporcionem sustentabilidade aos negócios e a maximização dos resultados aos associados.



As variáveis nos segmentos das cooperativas

Podemos começar pela razão principal da existência da cooperativa: o associado. Conhecer, interagir, saber das suas dores e alegrias é fundamental para um relacionamento que atenda aos seus interesses e fidelize as suas operações. Alguns dirigentes têm receio de estabelecer essa relação de mão dupla e tomam decisões que, algumas vezes, estão distantes dos anseios do quadro social.

Essa prática no médio e longo prazos pode fragilizar o vínculo entre o associado e a cooperativa, resultando em uma falta de identidade e volatilidade nas relações que motivaram o seu ingresso na cooperativa.

Outro ponto fundamental que compõe a linha mestra está na equipe de empregados das cooperativas. Eles, além de possuírem os conhecimentos e as habilidades necessárias para o desempenho das funções, devem estar conectados com os valores e princípios inerentes ao modelo cooperativo. Conhecer a essência do cooperativismo e entender o que faz a diferença na comparação com outros modelos de negócios é fundamental na percepção e envolvimento da equipe para a geração de valor aos associados e à sociedade.



O negócio da cooperativa é mais um ponto relevante a ser considerado nessa linha mestra. Nos mais diversos segmentos em que as cooperativas estão presentes existem inúmeras variáveis que interferem no seu sucesso ou no seu fracasso. Conhecer as particularidades do negócio e saber quais as melhores decisões a serem tomadas não é para amadores. E, nesse sentido, as cooperativas devem separar a governança da gestão. Os negócios devem ser conduzidos por profissionais qualificados, que serão cobrados pela governança, a apresentar os resultados propostos. Uma das mais importantes qualidades do dirigente cooperativista é selecionar a melhor equipe que irá gerir os negócios da cooperativa.

E para colocar tudo isso em prática o dirigente, pela posição estratégica que ocupa na cooperativa, não pode estar alheio ao que acontece no mundo, principalmente com relação às constantes mudanças. Dessa forma, quando nos referimos à enxurrada de informações, planos, metodologias, procedimentos que nos são oferecidos como salvadores da pátria, é necessário ter a clarividência de entender e aplicar o que mais se adequa a realidade.

(Remy Gorga Neto é presidente do Sistema OCDF-Sescoop/DF)


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