O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, criticou a “neutralidade” do presidente Jair Bolsonaro
O Departamento de Defesa dos Estados Unidos afirmou que a Rússia está instalando funcionários pró-russos ilegítimos na Ucrânia a fim de começar processos de anexação de partes dos territórios ucranianos – principalmente de áreas já ocupadas por tropas russas ou por separatistas pró-Moscou, a exemplo do leste.
A afirmação foi feita pelo porta-voz do Departamento de Defesa americano, John Kirby, segundo quem as regiões visadas para anexação incluem as cidades de Kherson, Zaporíjia, Donetsk e Lugansk.
“A Rússia está lançando as bases para anexar o território ucraniano que sob seu controle, numa violação direta da soberania da Ucrânia“, disse Kirby nesta terça-feira (19/07).
“A Rússia começou a lançar uma versão do que se poderia chamar uma cartilha de anexação muito semelhante ao que vimos em 2014″, afirmou o porta-voz, em referência à anexação da Península da Crimeia por forças russas naquela época.
Nas zonas sob ocupação russa se realizariam até setembro referendos sobre a anexação. Tal processo é considerado ilegítimo por boa parte da comunidade internacional, como também ocorreu durante a anexação da Crimeia.
“Queremos deixar claro para o povo americano: ninguém se engana com isso. [Putin] está tirando o pó da cartilha de 2014”, disse Kirby. O porta-voz acrescentou que estava “expondo” os planos russos “para que o mundo saiba que qualquer alegação de anexação é premeditada, ilegal e ilegítima”, e prometeu uma resposta rápida dos EUA e seus aliados.
Zelenski critica fala de Bolsonaro sobre neutralidade
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, criticou a “neutralidade” do presidente Jair Bolsonaro diante da invasão de seu país pela Rússia, cobrando uma posição brasileira e comparando a atitude do governante brasileiro com a de líderes que permaneceram neutros durante o início da Segunda Guerra Mundial.
Zelenski deu detalhes da conversa telefônica que teve com o colega brasileiro. “Ontem eu falei com o presidente Bolsonaro e sou grato a ele por essa conversa. Não foi a minha primeira conversa com o presidente do Brasil. Eu não apoio a posição dele de neutralidade. Eu não acredito que alguém possa se manter neutro quando há uma guerra no mundo”, afirmou Zelenski durante entrevista à TV Globo divulgada nesta terça-feira (19/07).
“Na Segunda Guerra Mundial, muitos líderes ficaram neutros num primeiro momento. Isso permitiu que os fascistas engolissem metade da Europa e se expandissem mais e mais, capturando toda a Europa. Isso aconteceu por causa da neutralidade. Ninguém pode ficar no meio do caminho, ninguém pode dizer ‘vou ser um mediador’. Mediador de quê? Um mediador na guerra? Entre quem?”, argumentou o presidente ucraniano.