A falta que eles fazem

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As discussões políticas ficam mais intensas no período eleitoral/Arquivo/Direito Me

Como professora, afirmo que colar na prova nunca matou ninguém, mas no desvio de bilhões está a miséria de um tanto de gente

Por Mayalu Felix – MA

Há um texto de Jorge Luís Borges chamado O tempo, no qual o escritor argentino diz que o momento presente “é o momento que tem um pouco de passado e um pouco de futuro”. Em outro texto, O livro, Borges relata que muitos dos maiores espíritos que já surgiram não escreveram nada: Pitágoras, que não escreveu porque não quis, desejou que seu pensamento permanecesse vivo, após sua morte corporal, na mente de seus discípulos:

“Aqui se aplica aquela citação — não sei grego, portanto falarei em latim: Magister dixit. Isso não significa que eles estivessem contidos pela palavra do mestre; pelo contrário, afirma a liberdade de continuarem pensando o pensamento inicial do mestre.”

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O “momento presente” em que estamos nos faz ser a última fronteira antes do desastroso narcossocialismo que empobrece países vizinhos. Argentina, Venezuela, Cuba, Bolívia, Peru… a lista aumenta a cada dia. O que diriam a este respeito algumas das melhores mentes que já tivemos? O que teriam dito Paulo Francis, Olavo de Carvalho, Ferreira Gullar, Nelson Rodrigues, só para citar alguns, diante do absurdo da candidatura de um homem quatro vezes condenado criminalmente, em instâncias diferentes, por magistrados diferentes?

A escolha é esta. A grande questão é esta. Esquerdistas e politicamente corretos acreditam piamente que colar na prova e desviar bilhões de reais é a mesma coisa. Como professora, afirmo que colar na prova nunca matou ninguém, mas no desvio de bilhões está a miséria de um tanto de gente – crianças, velhos, mulheres – por falta de atendimento hospitalar, por exemplo. Ou por falta de água no Nordeste. Ou nas estradas sem manutenção.

O que teria dito Nelson Rodrigues dos quatro desastrosos governos do PT, que acha que a corrupção e a crise em que nos colocaram é mérito, não prejuízo? Ferreira Gullar, sabemos, redimiu-se de seus pensamentos socialistas. Disse, em entrevista à revista Veja, em 2012: “Não tenho dúvida nenhuma de que o socialismo acabou, só alguns malucos insistem no contrário.” E completou: “O que está errado é achar, como Marx diz, que quem produz a riqueza é o trabalhador e o capitalista só o explora. É bobagem.

Sem a empresa, não existe riqueza. Um depende do outro. O empresário é um intelectual que, em vez de escrever poesias, monta empresas. É um criador, um indivíduo que faz coisas novas. A visão de que só um lado produz riqueza e o outro só explora é radical, sectária, primária. A partir dessa miopia, tudo o mais deu errado para o campo socialista.”



Um livro, Nelson Rodrigues e Ferreira Gullar

Talvez o ilustre maranhense – o mais ilustre dos que já nasceram por estas bandas, aliás – esteja se revirando no túmulo ao ver os ataques do candidato do PT ao agronegócio, que gera bilhões em impostos, gera empregos, produz comida em larga escala e coloca o PIB do Brasil no topo, atraindo investimentos. Aliás, Paulo Francis, se vivo estivesse, reforçaria um de seus aforismos mais conhecidos: “A melhor propaganda anticomunista é deixar um comunista falar”.

O que esses mestres teriam dito a respeito da “carta da democracia”, um documento eleitoreiro redigido e assinado por gente que fala em democracia, mas defende os mais de 60 anos de ditadura cubana, com o povo sem comida e sem liberdade? Como disse Ferreira Gullar, “não posso defender um regime sob o qual eu não gostaria de viver. Não posso admirar um país do qual eu não possa sair na hora que quiser. Não dá para defender um regime em que não se possa publicar um livro sem pedir permissão ao governo. Apesar disso, há uma porção de intelectuais brasileiros que defendem Cuba, mas, obviamente, não querem viver lá de jeito nenhum. É difícil para as pessoas reconhecer que estavam erradas, que passaram a vida toda pregando uma coisa que nunca deu certo.”

Nelson Rodrigues, genial, declarou: “Invejo a burrice, porque é eterna”. Confesso, timidamente, que eu também. O discurso juvenil raivoso, estereotipado e decorado, que tem sido usado ad nauseam para defender o indefensável, faria o dramaturgo corar: “Não há ninguém mais bobo do que um esquerdista sincero. Ele não sabe nada. Apenas aceita o que meia dúzia de imbecis lhe dão para dizer”.



É esta imbecilidade que hoje é celebrada quando alguém declara que vai votar no ex-presidiário.  Redizendo Paulo Francis, “ignorância é o nosso grande patrimônio nacional”, aplaudido de pé nos municípios mais pobres, nos estados mais miseráveis, nas regiões mais carentes. Há também os “moderados”, que preferem anular o voto porque lavam as mãos entre o que chamam de “dois extremos”. “Moderação na defesa da verdade é serviço prestado à mentira”, disse Olavo de Carvalho. Ele tem razão.

Os “moderados” fingem que não sabem que em um dos extremos estão a Venezuela, Cuba, a Argentina, e, no outro, a liberdade econômica, o crescimento do PIB, o Marco Legal do Saneamento, a criação do PIX, enfim, o mesmo caminho percorrido pela Austrália, pela Nova Zelândia e pelo Canadá.

O mais inacreditável é que há muita gente que prefere não ver os inúmeros crimes do PT, a fim de evocar os supostos do outro candidato. Como disse Olavo de Carvalho, “o homem medíocre não acredita no que vê, mas no que aprende a dizer”. O adestramento mental pelo qual muitos passaram – sobretudo os jovens – tem me causado um enorme desânimo. Deixo a eles, finalmente, os versos que me vêm nesta hora:

Esses moços, pobres moços
Ah! Se soubessem o que eu sei
Não amavam, não passavam
Aquilo que já passei
Por meu olhos, por meus sonhos
Por meu sangue, tudo enfim
É que peço
A esses moços
Que acreditem em mim…

(Lupicínio Rodrigues)

 

 

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