Ex-interventor na segurança do DF diz que missão foi cumprida

Sandro Avelar e Ricardo Cappelli DF Misto Brasília
Sandro Avelar e Ricardo Cappelli na apresentação do relatório da intervenção/oel Rodrigues/Agência Brasília
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Ricardo Capelli disse que as investigações continuarão e que foi restabelecido a linha de comando

Após 23 dias, termina nesta terça-feira (31) a intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal,determinada pelo presidente Lula da Silva após a invasão das sedes dos três Poderes em Brasília por bolsonaristas radicais.

Para o interventor indicado por Lula, Ricardo Cappelli, as principais missões foram cumpridas, sobretudo a de restabelecer a linha de comando e estabilizar a segurança pública no Distrito Federal.



Durante o período de intervenção, toda a equipe nomeada pelo ex-secretário de Segurança Pública do DF Anderson Torres foi exonerada. Retornaram aos cargos os profissionais que estavam anteriormente na pasta e que participaram do plano de segurança da posse presidencial em 1º de janeiro de 2023, sob comando do então secretário Júlio Danilo. Torres está preso desde o dia 14 de janeiro por suspeita de ter facilitado os ataques.

Além disso, foram exonerados seis coronéis que estavam em posição de comando no dia 8 de janeiro e abertos seis Inquéritos Policiais Militares (IPM’s) para apurar responsabilidades.



Confiança no novo secretário

Ao apresentar, na última sexta-feira, um relatório sobre seu período como interventor, Cappelli disse ter “plena confiança” nas novas forças de segurança do DF e que aprova indicação do delegado federal Sandro Avelar para o cargo de secretário de Segurança, feita pela governadora em exercício, Celina Leão. O governador do DF Ibaneis Rocha está afastado do cargo desde as invasões extremistas.

Para Cappelli, Avelar tem os requisitos necessários ao cargo, inclusive para planejar e conduzir o esquema de segurança para a posse dos novos parlamentares do Congresso Nacional nesta quarta-feira.



Avelar, por sua vez, disse que dará continuidade ao trabalho de apuração dos fatos sobre o ataque aos três Poderes.

“As investigações seguirão seu curso. Quero reforçar que é uma atividade prioritária para que possamos esclarecer esse fato. Aproveito para reforçar minha confiança nas instituições, as polícias Civil e, especialmente, Militar”, destacou Avelar na sexta-feira.



“Acampamento era minicidade golpista”

Para o interventor, o acampamento de apoiadores de Bolsonaro em Brasília consistia em uma “verdadeira minicidade golpista“, com uma grande cozinha, banheiros químicos e geradores, chegando a ter mais de 300 veículos estacionados, entre eles caminhões vindos de diferentes estados do país. Na véspera do ataques às sedes dos três Poderes, o local abrigava cerca de 4 mil pessoas, segundo Cappelli.

Em seu relatório sobre a intervenção, ele destaca que o acampamento bolsonarista foi central não somente para os ataques de 8 de janeiro, mas também para outros atentados à democracia, como a tentativa de invasão da sede da Polícia Federal, no dia 12 de dezembro, e a tentativa de explosão de uma bomba no Aeroporto Internacional de Brasília.



Segundo Cappelli, “todos os atos de vandalismo que aconteceram na capital [federal], passaram, tiveram a sua organização, o seu planejamento e o ponto de apoio naquele acampamento que virou um centro de construção de planos contra a democracia brasileira”.

O relatório aponta ainda que houve a tentativa de desmobilização do acampamento, ainda no final do ano passado, mas que houve resistência por parte do Comando Militar do Planalto.

“As nossas polícias, Militar e Civil, em conjunto, tentaram fazer incursões no acampamento para coibir o comércio ilegal, para desmontar. Inclusive houve a mobilização de homens para essas operações registradas e que foram canceladas na véspera por ponderações feitas pelo Exército brasileiro, pelo Comando Militar do Planalto”, disse.



O interventor também destacou que houve falta de comando e responsabilidade de Anderson Torres e do alto comando da Polícia Militar no planejamento operacional relacionado aos atos do dia 8, uma vez que havia um relatório de inteligência mostrando a intenção de prática de violência.

“A Justiça está apurando, e esse conjunto de coincidências pode caracterizar algo muito pior do que ausência de comando e responsabilidade”, afirmou.

Cópias do relatório foram encaminhadas ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, e ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, responsável por conduzir o inquérito que apura os atos. O documento ficará disponível na íntegra na página do ministério. O texto é da DW.


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