Presidente da Nicarágua é um déspota no cargo com perseguições. O Brasil está calado diante dos abusos
O presidente do Chile, Gabriel Boric, classificou neste sábado (18) seu homólogo da Nicarágua, Daniel Ortega como ditador. A declaração do líder de esquerda chileno foi feita após Manágua apertar o cerco contra opositores do regime nas últimas semanas.
Na mais recente violação, o governo de Ortega retirou a nacionalidade de 94 opositores e críticos, incluindo antigos aliados que lutaram na Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) contra a ditadura de Anastasio Somoza Debayle, na década de 1970, como o escritor Sergio Ramírez, que chegou a ser vice de Ortega na década de 1980.
Entre os nicaraguenses que perderam a cidadania na quarta-feira estão ainda a escritora Gioconda Belli, o bispo auxiliar de Manágua, Silvio Báez, e o ex-comandante da revolução Luis Carrión, ao menos 22 jornalistas e ativistas de direito humanos. Eles foram acusados de “traição à pátria”.
Além de perder a nacionalidade, a Corte de Apelações de Manágua determinou o confisco a favor do Estado de todos os bens e empresas dos acusados e proibiu o grupo de exercer cargos públicos e concorrer em eleições.
Silêncio do Brasil diante dos abusos de Ortega
Tanto Belli quanto Ramírez, assim como a maioria dos citados na lista são opositores de Ortega e vivem no exílio. No entanto, há vários mencionados que ainda estão na Nicarágua.
A ação ocorre poucos dias depois de Ortega ter deportado 222 detidos, como líderes políticos, padres, estudantes, ativistas e outros dissidentes, para os Estados Unidos. Considerados presos políticos por organizações humanitárias, os opositores deportados também foram acusados do crime de “traição à pátria”.
Na América Latina, as reações não foram unânimes entre os governos progressistas da região. Apenas o Chile criticou veementemente as decisões da Nicarágua. Colômbia e México tiveram cautela nas declarações.
O governo da Colômbia, chefiado pelo esquerdista Gustavo Petro, expressou na sexta-feira “preocupação” e disse que as medidas violam “o direito à nacionalidade” comtemplado em tratados internacionais reconhecidos pela Nicarágua. O México disse estar “atento” aos acontecimentos.
Os governos do Brasil e da Argentina ainda não se manifestaram sobre as violações ocorridas na Nicarágua, informou a DW.