Lira já declarou publicamente que o presidente da República precisa se envolver mais nas tratativas políticas
Por Marina Agostine – DF
A dificuldade de articulação política do governo com o Congresso Nacional tem causado desgastes na hora de aprovar as Medidas Provisórias (MPs) que tramitam pela Casa, devido à falta de consenso e apoio necessário da maioria.
Embora essas medidas, quando publicadas, se tornam leis imediatas, é necessário o aval do Legislativo para que se tornem leis permanentes e definitivas.
Para cumprir as promessas de campanha, mesmo com a dificuldade de articulação, o presidente Lula da Silva (PT) vem usando das emendas parlamentares para tentar conquistar o Congresso. A liberação dos recursos acontece meio à tentativa do governo de obter o apoio no Legislativo.
Para além de um Parlamento conservador, o maior obstáculo para o presidente Lula vem sendo o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que não se sente prestigiado ou com suas demandas atendidas pelo atual governo.
Lira já declarou publicamente que o presidente da República precisa se envolver mais nas tratativas políticas.
Para tentar reverter a insatisfação dos parlamentares inclusive da base governista, o Executivo fez um empenho bilionário, mas que no ponto de vista dos parlamentares, ainda é pouco, se comparado a quantidade de propostas de campanha e de pautas importantes para o governo que ainda carecem de aprovação pelo Parlamento.
Mesmo com os esforços começando a apresentar resultados após aprovação da MP da reestruturação dos ministérios, as duras críticas de articulação caem em cima do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, responsável pela agenda política e Rui Costa, ministro da Casa Civil, não sendo considerados bons articuladores e consultores políticos.
Para as próximas votações, será necessário analisar como o impasse atual afetará a relação do governo com medidas mais caras, como a reforma tributária.
Cabe ao presidente Lula se envolver mais com as negociações com o Parlamento e estabelecer suas prioridades pensando também em uma
reestruturação de seus principais articuladores, colocando à frente nomes com capacidade de diálogo e negociação com diferentes partidos e parlamentares, para garantir a governabilidade necessária.