Mercosul, o retorno?

Bandeiras do Mercosul Misto Brasília
Produtos vindos do Mercosul tiveram redução de impostos/Arquivo

No plano político, os estados associados (Chile, Colômbia, Bolívia) tentam reforçar seus laços com o bloco

Por André César – SP

É carregada de simbolismo a reunião do Mercosul que ocorre agora na Argentina. A missão imediata do bloco é clara – destravar o acordo de livre-comércio com a União Europeia, emperrado há tempos. Para o Brasil, que assume temporariamente a presidência do grupo (até o final de 2023), há o adicional de reforçar a liderança regional do país.

Outro objetivo da (curta) gestão brasileira à frente do bloco será o de ampliar as transações em moedas locais entre os países do grupo, de maneira multilateral. Tarefa nada trivial, que depende de ajustes técnicos e políticos.

Igualmente o acordo China-Uruguai estará em pauta. No plano político, os estados associados (Chile, Colômbia, Bolívia) tentam reforçar seus laços com o bloco. Já a Venezuela está suspensa desde 2017, mas o governo Lula (PT) defende a reintegração do país. Questão no mínimo polêmica, quase uma bola dividida, dado que o presidente Maduro aprofunda o autoritarismo por lá.

Voltando ao acordo com a União Europeia, negociado desde 1999, há dúvidas no ar. Recentemente, o bloco europeu apresentou um documento adicional ao Mercosul, que prevê sanções em questões ambientais.

O teor do documento gerou stress e foi chamado por Lula da Silva de “ameaça”, prometendo resposta. O protecionismo de determinados setores econômicos do Velho Continente segue vivo, com anuência política. Como desatar esse nó?

É natural o peso do Brasil no bloco, pois ele responde por 72% do PIB nominal do Mercosul. Isso ajuda a reforçar inclusive o tom mais incisivo de Lula em seus pronunciamentos, com acertos e erros.

Fundado no início dos anos 90, o Mercosul sempre enfrentou problemas para se consolidar como um bloco realmente sólido. Crises nos países-membros, crises globais, pandemia e, mais recentemente, o governo de Jair Bolsonaro (PL), que era claramente hostil – obstáculos não faltam.

Mais uma oportunidade surge, agora com o acordo com a União Europeia no horizonte. Mercosul, o retorno?

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