Dadas as complexidades das questões envolvidas, não é trivial se chegar a um entendimento definitivo e efetivo
Por André César – SP
Participando da reunião de Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a União Europeia, em Bruxelas, o presidente Lula (PT) mostrou-se otimista ao extremo. Ele acredita que o acordo Mercosul-UE poderá estar concluído até o final do ano.
Cabe ressaltar que as negociações tiveram início há décadas, com momentos de altos e baixos ao longo do processo. Diferentes governos, com visões distintas da política e da economia, acabaram gerando obstáculos para a conclusão efetiva das conversas. Dadas as complexidades das questões envolvidas, não é trivial se chegar a um entendimento definitivo e efetivo.
O acordo teve a parte comercial do texto concluída em 2019, no início do governo de Jair Bolsonaro (PL), porém as regras ainda não entraram em vigor, porque não foram aprovadas pelos países dos dois blocos. A pandemia contribuiu para atrasar ainda mais o projeto.
É curioso o otimismo de agora do titular do Planalto quando se lembra de sua recente reação (quase furiosa) à carta adicional com exigências relacionadas a questões ambientais. Naquele momento, em reunião com lideranças europeias como o francês Emmanuel Macron, ele qualificou o posicionamento dos países do Velho Continente como “agressivo e inaceitável”.
Essa posição otimista de Lula da Silva talvez se baseie em alguns recentes movimentos do governo brasileiro – transformar a Amazônia em um centro de desenvolvimento verde, zerar o desmatamento no bioma ainda em 2023 e apresentar, até agosto, uma proposta de transição energética. Tudo bastante ambicioso, que precisa ir além da mera retórica.
É evidente que essa anunciada agenda do governo brasileiro soa como música para a UE. No entanto, o histórico das negociações alimenta desconfianças das lideranças europeias, que esperam ações concretas. De todo modo, um importante passo pode estar sendo dado.
O que se deseja é um acordo equilibrado entre as partes, que atenda às necessidades de todos os envolvidos. Uma proposta utópica? O tempo dará as respostas.
