Ela fez um trabalho para reconhecer o trabalho doméstico, foi perseguida e esteve na Segunda Guerra Mundial
Por Camila Boehm – SP
Precursora na luta por direitos dos trabalhadores domésticos, Laudelina de Campos Melo teve seu nome inscrito no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, após sanção da Lei 14.635/2023 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Para nós é um reconhecimento político”, disse Cleusa Aparecida da Silva, coordenadora da Casa Laudelina de Campos Melo – Organização da Mulher Negra. Publicada na última quarta-feira (26) noDiário Oficial da União, a lei tem origem no Projeto de Lei (PL) 1795/2021, aprovado na Comissão de Educação (CE) em 20 de junho.
“Nós conhecemos só uma versão da nossa história, é a história dos vencedores, mas nós quando não conhecemos a história dos vencidos e sua classe trabalhadora, e nós não conhecemos a história das mulheres originárias e das mulheres negras, que edificaram a nação brasileira, foram responsáveis pela edificação da sociedade brasileira”, disse.
Silva ressalta que essas mulheres não estão nos livros didáticos e que considera que esse reconhecimento é fundamental e prioritário.
“Esse reconhecimento histórico tem um impacto psicossocial nas nossas vidas, um impacto do ponto de vista de reconhecimento, no ponto de vista subjetivo, no ponto de vista do psicológico, no ponto de vista da autoestima, e para que a gente conheça a nossa verdadeira história”, avaliou.
Laudelina foi perseguida pelo governo de Getúlio Vargas devido à sua atuação. As atividades da Associação de Trabalhadores Domésticos do Brasil foram suspensas durante o período de ditadura de Vargas, segundo informações da Fenatrad.
Em 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, Laudelina se alistou nas forças armadas. Conforme divulgou a Casa Laudelina, ela foi a primeira combatente negra do Exército, viajou por diversos países, serviu de espiã, foi baleada e operada, e se aposentou como ex-combatente. Laudelina morreu em 1991, aos 86 anos.