O ex-presidente é um dos suspeitos nas investigações de vendas de joias do patrimônio público
Por Misto Brasília – DF
A Polícia Federal (PF) pediu nesta sexta-feira (11) ao Supremo Tribunal Federal (STF) a quebra de sigilos bancário e fiscal do ex-presidente Jair Bolsonaro, na investigação que apura a suposta atuação de uma organização criminosa para desviar e vender presentes de luxo dados ao governo por autoridades estrangeiras. A decisão sobre o pedido cabe ao relator do caso no STF, o ministro Alexandre de Moraes.
O pedido ocorre após a deflagração da Operação Lucas 12:2, que fez buscas e apreensões em endereço do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e na casa do pai de Cid, o general da reserva Mauro Lourena Cid. Também foram alvo os endereços de Osmar Crivelatti, que ainda é membro da equipe de assessores do ex-presidente, e do advogado Frederick Wassef, que atua na defesa do ex-mandatário.
A operação investiga se militares ligados ao ex-presidente negociaram joias de maneira ilegal, em negociações cujo valor podem ter superado R$ 1 milhão. Os itens de luxo que são alvo das investigações foram dados a Bolsonaro como presentes durante o período em que ele era chefe de governo.
“Os investigados são suspeitos de utilizar a estrutura do Estado brasileiro para desviar bens de alto valor patrimonial, entregues por autoridades estrangeiras em missões oficiais a representantes do Estado brasileiro, por meio da venda desses itens no exterior”, diz a PF.
A investigação também pede que Bolsonaro seja ouvido no inquérito. Em nota divulgada na noite desta sexta-feira, Bolsonaro nega desvio ou apropriação de “bens públicos”, se referindo à operação da PF.
Áudio obtido pela PF revela uma conversa de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, na qual houve a citação do valor de 25 mil dólares possivelmente pertencentes ao ex-presidente.
Na decisão que determinou a realização da Operação Lucas 12:2, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes citou o avanço das investigações da PF, apontando que o dinheiro das vendas dos presentes eram remetidos a Bolsonaro.
“Identificou-se, em acréscimo, que os valores obtidos dessas vendas eram convertidos em dinheiro em espécie e ingressavam no patrimônio pessoal do ex-Presidente da República, por meio de pessoas interpostas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem localização e propriedade dos valores”.
No dia 18 de janeiro deste ano, Cid trocou mensagens com Marcelo Câmara, apontado como assessor de Bolsonaro, sobre a venda de esculturas presenteadas pelo governo do Bahrein durante viagem oficial.
Na avaliação dos investigadores, o general Mauro Lourena Cid estaria com o valor de 25 mil dólares, “possivelmente pertencentes a Jair Bolsonaro”. Conforme o relatório, os interlocutores também evidenciaram receio de usar o sistema bancário para “repassar o dinheiro ao ex-presidente”, informou a DW.