A presença da Marinha na costa atlântica da África é considerada relevante para garantir a segurança das rotas comerciais
Fragata da Marinha brasileira realizou visita ao porto de Daca, no Senegal, com o intuito de retomar a diplomacia naval com países africanos da costa do Atlântico.
A visita foi realizada no âmbito da Operação “Guinex-III” e contou com a presença de autoridades militares e diplomáticas de países sul-americanos e africanos, anotou a Agência Sputnik..
A presença da Marinha brasileira na costa atlântica da África é considerada relevante para garantir a segurança das rotas comerciais brasileiras, de riquezas nacionais como as reservas de petróleo do pré-sal e mitigar a presença militar estrangeira no Atlântico Sul.
No entanto, é o aumento da atividade de pirataria na região do golfo da Guiné, região do Atlântico Sul que banha países como Benin, Nigéria, Camarões e Guiné Equatorial, gera preocupação entre autoridades brasileiras.
A pirataria na área chegou inclusive a superar a atividade na região da Somália, considerada uma das mais perigosas do mundo. Os incidentes podem comprometer a segurança das linhas de comunicação marítimas brasileiras, gerando inclusive prejuízos econômicos ao Brasil, cuja economia depende do comércio internacional.
Os ilícitos marítimos no golfo da Guiné não se restringem a pirataria, mas também incluem a pesca ilegal, que contribui para esgotar recursos pesqueiros locais e deteriorar o equilíbrio ecológico da região.
A insegurança marítima no golfo da Guiné está inclusive na pauta do Conselho de Segurança da ONU, que a partir deste domingo (01) passará a ser presidido pelo Brasil.
Por ação deste órgão da ONU, foi aprovado o Código de Conduta naval de Yaoundé, que propõe medidas para mitigar a pirataria na área. O Brasil é membro do Grupo de Amigos do golfo da Guiné (FOGG, na sigla em inglês), que busca auxiliar os países da região a implementar o acordo de Yaoundé.
Para o pesquisador em Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal Fluminense (UFF), Jonuel Gonçalves, a visita da Marinha ao Senegal pode ser considerado um primeiro passo para manifestar a prontidão brasileira a colaborar com a segurança marítima do golfo da Guiné.
“Os países limítrofes ao golfo da Guiné se preocupam com a questão da pirataria e devem se preparar para operações similares as que a União Europeia fez na Somália, não excluída a hipótese de que a Marinha do Brasil seja chamada para patrulhar o golfo”, disse Gonçalves à Sputnik Brasil.
Segundo ele, a Marinha brasileira tem boa imagem e seria considerada uma força estrangeira confiável pelos seus parceiros africanos.
“O Brasil é visto como um aliado seguro e poderia contar com uma boa retaguarda em seus patrulhamentos, que é o porto de Dacar, no Senegal”, explicou Gonçalves.
“Esse tipo de convite poderia ser feito sem a intermediação de organizações internacionais, como a ONU. Uma possibilidade seria a CEDEAO [Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental], que conta com grande influência da Nigéria, decidir por acionar marinhas de fora da área para realizar patrulhas.”