O país voltou a ficar entre os países com os dez maiores indicadores, acima de países como Canadá e México
Por Misto Brasil – DF
O ano de 2023 começou com muitas expectativas e até incertezas diante do retorno do presidente Lula da Silva (PT) ao Palácio do Planalto.
No campo econômico, o desempenho brasileiro na economia foi bem acima do esperado pelo mercado financeiro, com crescimento do PIB que deve ultrapassar 3% e inflação no centro da meta, em 4,6%.
No Congresso Nacional, também ocorreram grandes vitórias para o governo petista: aprovação da reforma tributária, promulgada na última semana em sessão com os presidentes dos três poderes (Legislativo, Judiciário e Executivo), além do arcabouço fiscal e a taxação dos super-ricos, que cria impostos com potencial de arrecadação de R$ 20 bilhões só em 2024.
Mas também ocorreram derrotas, como a derrubada do veto à desoneração da folha de pagamento para 17 setores da economia até 2027.
A professora de economia da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) Cristina Helena de Mello fez uma retrospectiva do ano no podcast Jabuticaba Sem Caroço, da Sputnik Brasil, apresentado pelos jornalistas Thaiana de Oliveira e Maurício Bastos.
Para a especialista, o governo conseguiu mostrar boa capacidade de articulação política.
“Conseguiu empreender ações significativas. A economia brasileira vem crescendo, desemprego relativamente estável [7,7%] e inflação convergindo para a meta. Então, ao final desse ano, acredito que temos mais a celebrar do que lamentar”.
Ainda em agosto, a equipe econômica do governo, comandada pelo ministro Fernando Haddad, conseguiu uma das principais metas para o ano: substituir o então teto de gastos em vigência desde a gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB), que limitava o crescimento das despesas e atrapalhava investimentos públicos.
“Temos conseguido, apesar de conflitos mundiais significativos e um cenário preocupante da América Latina, empreender e avançar. Olho para isso como uma perspectiva bastante otimista, o que não quer dizer, obviamente, que podemos ficar tranquilos. A economia exige um cuidado constante e monitoramento”.
Cenário global e a reforma tributária
E depois de mais de 30 anos de tramitação, a proposta que altera a política tributária do país foi aprovada com uma boa margem de folga.
O texto prevê medidas como isenção de imposto para produtos da cesta básica e a criação do Imposto sobre o Valor Agregado (IVA), que vai substituir tributações como PIS, Cofins, ISS e ICMS, cuja alíquota deve ficar em 27% sobre produtos e serviços.
“A reforma tributária foi feita com foco no consumo, em melhorar a produtividade das empresas, a competitividade, facilidade do pagamento dos impostos, a simplificação, como também da gestão desses impostos por parte do governo, de poder fazer esse acompanhamento e uma gerência mais eficaz da receita. Mas a reforma precisa avançar. É necessário começar a discutir agora os impostos sobre as rendas e precisa monitorar a questão do arcabouço fiscal”, pontua a analista.
Conforme a especialista, a economia brasileira tem se comportado nas últimas décadas como um voo de galinha: ciclos de crescimento seguidos por períodos de recessão. Para este ano, contrariando as estimativas iniciais dos economistas, o Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer 3,1%, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Além disso, o país voltou a ficar entre os países com os dez maiores indicadores, em nono lugar, com US$ 2,13 trilhões (R$ 10,3 trilhões), acima de países como Canadá e México.
Para além dessa questão, a professora lembra que há interferências no Brasil causadas pela crise internacional, já que o mundo vive um momento de estagnação.
“As economias europeias não crescem, a japonesa está estagnada, a China desacelerando, os Estados Unidos com índices baixos de crescimento. Esse cenário global aparentemente traz uma restrição significativa para nós, porque uma das fontes de crescimento econômico é o comércio exterior”.
(Texto e pesquisa da Agência Sputnik)