A ex-prefeita retorna ao ninho cercada de expectativas. O principal é averiguar se ela mantém a boa avaliação na periferia
Por André César – SP
Não foi propriamente uma surpresa a pré-indicação de Marta Suplicy para o cargo de vice-prefeita na chapa encabeçada pelo deputado Guilherme Boulos (PSOL) na disputa paulistana. Apesar de integrar a administração de Ricardo Nunes (MDB), ela já sinalizava o retorno ao PT, com o aval do presidente Lula.
Apenas para relembrar, a agora novamente petista tem um histórico de amor e ódio com a legenda. Prefeita bem avaliada no início dos anos 2000, ela entrou em choque com o PT na segunda década do século e, em 2015, migrou para o PMDB (hoje MDB). Desde então, ela colocou-se na oposição às políticas do partido, retornando agora.
No campo do prefeito paulistano, a decisão de Marta de deixar a secretaria de Relações Internacionais do município foi avaliada como uma “traição”. Mesmo um dos principais aliados de Nunes, o presidente nacional do PL Valdemar Costa Neto, considera que a ex-prefeita “sempre foi de esquerda”. O incômodo é evidente.
Caso seja confirmada candidata a vice, Marta terá algumas missões claras – dar peso administrativo a Boulos (que nunca ocupou cargo no Executivo), conquistar votos na periferia (onde ela em tese é bem avaliada), aproximar o candidato do PSol de setores do empresariado e auxiliar na eleição de vereadores petistas. Não são poucos os desafios, como se vê.
Há quem analise, porém, que ela pouco agregará à possível chapa, que cairia muito à esquerda, deixando o centro nas mãos de outras candidaturas, Nunes inclusive. Lembremos que o vice do atual prefeito será do PL de Costa Neto e do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Importante ressaltar que, em uma eventual gestão Boulos, Marta será tudo menos uma vice decorativa. Potenciais ruídos entre os dois poderão ocorrer com certa frequência. A conferir.
Enfim, a ex-prefeita retorna ao ninho cercada de expectativas. O principal é averiguar se ela mantém a boa avaliação na periferia, lembrando que são mais de vinte anos de sua eleição. O fato é um só – a eleição paulistana já está definitivamente nacionalizada e polarizada.