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Jornais, a TV da sua cidade e a transformação digital

Os robôs já começaram a ser testados há pouco mais de um ano nas redações de jornais/Arquivo/ODebate

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São novos tempos, novas plataformas que obrigam os canais de mídia tradicionais a se reinventarem como mídia e de negócios

Por Charles Machado – SC

Quantas vezes por dia você abre ou folheia um jornal ou uma revista? Quantas pessoas na sua casa ou no seu trabalho fazem leituras diárias de jornais e revistas?

Os periódicos são um ótimo exemplo da acelerada transformação digital, quando hábitos centenários são modificados, seja pela mudança do meio físico, do impresso para o digital, do papel para o tablet ou celular, ou do hábito consumir notícias e informações através de redes sociais e não por portais de notícias.

Os tradicionais veículos de mídia, derretem em sua maioria por não entenderem a transformação digital e o redesenho do seu negócio.

As pessoas continuam precisando de notícias, elas precisam de textos com qualidade, elas precisam confiar no que estão lendo, nada disso mudou, então qual a razão de tanta notícia inverídica e de textos de tão baixa qualidade informacional terem espaço?

A lógica da economia da atenção/desatenção, segue a mesma de toda economia, a disputa pelo tempo e pelo bolso, a monetização do tempo.

Quem entende essa transformação pode sobreviver por mais tempo, e o melhor exemplo vem do “The New York Times”, que na semana passada noticiou que havia adicionado 300 mil assinantes digitais pagos no quarto trimestre de 2023. Dessa maneira a receita anual de assinaturas digitais superou a marca de US$ 1 bilhão pela primeira vez.

Em dezembro o Times tinha 10,36 milhões de assinantes, dos quais 9,7 milhões eram apenas digitais. A empresa tem meta de chegar a 15 milhões de assinantes até o final de 2027, e o que aconteceu com o jornal da sua cidade?

E quanto aos assinantes de jornais impressos do Times? Esse continua seguindo a lógica e caindo, pois diminuiu, se antes havia 730 mil no final de 2022, no final de 2023 eram 660 mil.

Novos desafios e os direitos autorais

Os desafios, para os provedores de informação, permanecem, como o enfrentamento a inteligência artificial generativa, lembrando que no final do ano passado, o Times processou a OpenAI e a Microsoft, alegando violação de direitos autorais, argumentando que os artigos publicados pelo Times foram usados para treinar chatbots, em sua defesa a OpenAI argumentou que o processo não tem mérito.

Os jornais, bem como as TVs são plataformas, e quem não entende isso fica pelo caminho, vamos sair dos jornais impressos e ou digitais e pegar as Tvs para análise, quantos canais de streaming de vídeo, fazem agora parte da sua rotina?

O avançar do streaming, essa tecnologia de transmissão de dados pela internet, seja de áudio ou vídeo para as novas plataformas sem a necessidade de baixar o conteúdo, contribuiu imensamente para sua popularização, pois, o arquivo é acessado pelo usuário online e assim, o detentor do conteúdo transmite a música ou filme pela internet sem que esse material ocupe espaço no computador ou celular.

Ao mesmo tempo imaginar se tem espaço para tantos canais de streaming, seja pelo bolso ou pelo tempo, dos consumidores vai nos levar a uma outra pergunta: Como fica a TV aberta diante de tanta oferta e de tanta mudança de cultura, ou você imagina que as séries que tomam o tempo e criam hábito são uma criação ingênua?

Os serviços de streaming mudaram a dinâmica de convivência em muitas famílias, veja hoje em uma reunião de amigos ou com familiares quantos trocam ideias sobre as séries que estão assistindo? E quantos falam das novelas?

Ao mesmo tempo com a entrega de conteúdo digital, por essas plataformas vai junto uma série de informações para lá de detalhadas, que vão desde o aparelho, até o tempo e quem está assistindo, algo muito distante das tVs abertas.

As plataformas digitais de streaming sabem quem realmente está assistindo, e logo, devem ampliar  essa experiência para os seus marketplaces, o que já ocorre em algumas de forma experimental em algumas praças e para alguns produtos. Plataformas ao contrário das tvs abertas tem os meios de pagamento de seus usuários já registrado, logo converter informação em venda é algo bem mais fácil.

Foi justamente a possibilidade da utilização de diversas plataformas, como celulares e laptops, transformou o conceito de sala de estar, para qualquer lugar, logo quando você poderia imaginar viajar em um avião com alguém que acompanha a série na poltrona do lado?

Com uma relação custo benefício mais do que justificada, é absolutamente comum assinantes de dois a três serviços de streaming, como forma de completar seu cardápio de produções.

Assim cada cômodo da casa, pode ter uma programação distinta, devidamente customizada e entregando todos os dados pessoais possíveis e imagináveis, que vão desde a preferência na escolha até os segundos de cada filme ou série que as pessoas trocam por rejeição ao conteúdo.

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Plataforma de apostas esportivas online oferecem uma variedade de esportes/ArquivoDivulgação

O esporte entra em campo

Porém a briga das TVs abertas com os canais de streaming ficou ainda mais acirrada com a entrada de algumas dessas plataformas no futebol. Pois quando essa tecnologia é utilizada para a transmissão de partidas de futebol ou qualquer outra modalidade, permitindo a visualização on-line de qualquer divisão ou modalidade esportiva, o sucesso é imediato, por isso é fácil concluir que o streaming no futebol ou em qualquer outra modalidade, efetivamente veio para ficar.

Novas plataformas digitais implicam em maior e melhor dinâmica de audiência e tudo leva para um desenho multiplataforma de mídia, onde a exclusividade da TV acaba, quem quiser vencer vai precisar estar em todas as plataformas ao mesmo tempo e o futebol ou qualquer outro esporte precisa inovar para buscar públicos jovens, que nos últimos anos foram perdidos para os e-games.

Plataformas com custo de produção mais barato abrem também espaço para diversos esportes em novas modalidades e divisões, com isso o mercado amplia para todos, atletas, profissionais de mídia, agências de publicidade e patrocinadores regionais.

Ao mesmo tempo, no caso do futebol, a visibilidade tende a ser expandida para mercados onde não chegavam, aumentando a divulgação dos clubes enquanto marcas e de seus principais ativos, os atletas. A melhor referência disso é o futebol europeu, que é transmitido para um elevado número de países pelas mais diversas plataformas.

Ao expandir a visibilidade, expande-se a marca, ativo intangível do clube, bem como seus produtos licenciados crescem juntos, trazendo assim novos investidores com os mais diferentes apetites de investimento publicitário. Um anunciante para cada plataforma distinta de acordo com o bolso.

O streaming não representa a morte da TV aberta, afinal, o mesmo já foi dito do rádio e ele continua aí se reinventando, mas vai reduzindo o tamanho desta, levando ela para nichos, ou simplesmente para as pessoas de baixa renda, o que altera consideravelmente os números de receita dessas empresas.

São novos tempos, novas plataformas que obrigam os canais de mídia tradicionais a se reinventarem, sendo cada vez mais uma plataforma de mídia e de negócios.

O que parece óbvio para a TV aberta e todos os demais canais tradicionais de mídia é que o tempo de vender anúncios e comerciais acabou, é preciso ver o cliente como parceiro e identificar nas plataformas tecnológicas parcerias para ampliar as receitas fora dos seus canais tradicionais.

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