Ainda no Brasil Colônia, direto das Cortes de Lisboa, sugeriu que a capital do Brasil fosse transferida para o interior
Por Sérgio Botelho – DF
Em 1956, logo após ser empossado na Presidência da República, tomando a peito a decisão constitucional de edificar a nova capital do Brasil, no interior, o presidente Juscelino Kubitschek foi o último elo na corrente em favor da medida que, a rigor, teve início com defesa feita, nesse sentido, pelo Patriarca da Independência, o santista José Bonifácio.
Em 1821, ainda no Brasil Colônia, José Bonifácio, direto das Cortes de Lisboa, sugeriu que a capital do Brasil fosse transferida para o interior, na cabeceira do Rio São Francisco, e que fosse chamada Petrópolis ou Brasília.
Bonifácio manifestou seu receio de a capital brasileira continuar no litoral e, assim, sujeita a ataques eventuais de corsários. (Aliás, uma ideia, segundo dizem, que já havia sido defendida pelo Marquês de Pombal, que viveu entre 1699 e 1782.
No fundo no fundo, a preocupação também era evitar que o Brasil se dividisse tal qual havia se dividido a América espanhola. O movimento desaguou institucionalmente na Constituinte de 1823 que, no entanto, foi dissolvida por Dom Pedro I.
A ideia finalmente se materializou na Constituição de 1891, em plena República.
Um ano depois, o presidente Floriano Peixoto, nomeou a Missão Cruls, com esse nome, por ser chefiada pelo astrônomo e geógrafo belga, Louis Ferdinand Cruls, que acabou demarcando as terras onde seria construída a nova cidade. Depois disso, dois paraibanos entraram em cena e inscreveram seus nomes na história da nova capital brasileira.
O primeiro foi Epitácio Pessoa que, quando presidente da República (1919-1922), mandou lançar a pedra fundamental de Brasília, próximo à cidade de Planaltina. Isso aconteceu em 1922.
O outro foi o seu sobrinho, marechal José Pessoa, irmão do ex-presidente da Paraíba, João Pessoa, que fez a última demarcação de um território de 52 mil quilômetros quadrados para a construção da cidade. Tomando posse em 1956, depois de ter feito promessa em favor da nova capital durante a campanha presidencial, em comício na cidade de Anápolis-GO, Juscelino envia mensagem ao Congresso que, devidamente aprovada, criou a Companhia Urbanizadora da Nova Capital.
Em 21 de abril de 1960, sem suportar a emoção, chorou em plena missa em louvor à nova capital brasileira.
Em meio a tudo isso, é preciso acrescentar o sonho premonitório do italiano Giovanni Melchior Bosco, mais conhecido como Dom Bosco, fundador dos Salesianos, em que anteviu o surgimento de uma nova civilização entre os paralelos 15° e 20°, à beira de um lago.
O lago, os construtores de Brasília providenciaram, e hoje atende pelo nome de Lago Paranoá. A canonização como santo foi feita pelo Papa Pio XI, em 1938.
E sua entronização como santo protetor de Brasília se efetivou com a inauguração do Santuário Dom Bosco, uma das mais belas obras da cidade. A lhe fazer companhia na proteção de Brasília, simplesmente Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil.
(Sérgio Botelho é jornalista)
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