Para os especialistas, Lula da Silva conseguiu elevar seu capital político com a agenda. Macron tinha a ideia de ter uma agenda positiva
Por Misto Brasil – DF
Em visita ao Brasil, o presidente da França, Emmanuel Macron, pautou os encontros e discussões com políticos e empresários em torno da agenda ambiental e de promoção de negócios entre os dois países.
O líder francês tinha a intenção de promover uma agenda positiva em torno desses temas. Mas a viagem também beneficiou a imagem do Brasil como agente da política global.
Ao final da agenda, que se encerrou nesta quinta-feira (28), Macron e o presidente Lula da Silva assinaram 20 atos de cooperação que preveem, entre outros pontos, a criação de um fundo de 1 bilhão de euros (R$ 5,41 bilhões) para a preservação da floresta amazônica, bioma que abrange também a Guiana Francesa.
O investimento público e privado captado será aplicado em ações de biodiversidade e combate ao garimpo ilegal.
Para a professora de Relações Internacionais da ESPM, Carolina Pavese, o encontro representou um avanço efetivo com o início de uma agenda de trabalho nesses setores.
“Foi firmada uma parceria estratégica sustentável a médio e longo prazo. A ênfase na agenda ambiental é uma tentativa de responder a parte da crítica que Macron enfrenta de dar as costas para a questão da sustentabilidade em seu governo.”
“O discurso em relação à Amazônia fugiu do tradicional. A França não adotou a postura de dominador, veio com a imagem mais de parceiro”, ponderou o analista geopolítico Marco Alves.
“O Brasil tem se posicionado geopoliticamente como líder em sustentabilidade, e a França é líder em energia renovável, é um ganha-ganha. Acredito que os dois precisavam desse momento, a França mais do que o Brasil.”
As fotos oficiais divulgadas pelas assessorias do Planalto viralizaram nas redes sociais depois que internautas compararam as imagens com ensaios de noivos e também com cenas de filmes de comédia romântica, e reforçam o tom amistoso entre os dois chefes de Executivo.
“Algumas pessoas compararam as imagens da minha visita ao Brasil com as de um casamento, e eu digo a elas: foi um casamento ! A França ama o Brasil e o Brasil ama a França”, escreveu Macron na rede social “X”.
Para os especialistas, Lula da Silva conseguiu elevar seu capital político com a agenda, o que pode reverter em parte a queda de popularidade do presidente, sobretudo entre grupos de empresários.
“Para a França, o alcance é muito distante, a população francesa não se beneficiou com a visita, ao contrário dos brasileiros com investimentos na saúde, educação e tecnologia”, diz Pavese, de acordo com declarações à DW.
Lutte contre les inégalités, bataille pour le climat et la biodiversité : ces combats sont inséparables. C’est le sens du Pacte de Paris pour les Peuples et la Planète. pic.twitter.com/o5JT3AbnIq
— Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) March 28, 2024