Sobre os prazeres do xadrez

Gambito da dama série Netrflix
Gambito da Dama esteve há semanas consecutivas no top 10 da Netflix/Arquivo/Divulgação
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É fascinante observar que são encontradas características da arte e da ciência nas composições enxadrísticas e em sua teoria

Por André César – SP

Esse humilde escriba tem hoje uma nova paixão, o xadrez. Muito mais que um simples jogo, trata-se de um verdadeiro embate, um desafio intelectual e até mesmo físico. Uma partida de mais de uma hora de duração pode ser extenuante. Quase uma luta de boxe sobre o tabuleiro.

Em geral, hoje é praticado o chamado “tipo ocidental”, que difere de outros dois, os antecessores persa e indiano. A forma atual do jogo surgiu no sudoeste da Europa segunda metade do século XV, durante o Renascimento, após ser desenvolvido a partir de suas antigas origens.

É fascinante observar que são encontradas características da arte e da ciência nas composições enxadrísticas e em sua teoria (que abrange aberturas, meio-jogo e finais, fases em que classificam o andamento do jogo).

Por outro lado, o elemento sorte não entra em campo – ou melhor, tabuleiro. Na verdade, pode se afirmar que o sorteio entre brancas, que iniciam o embate e dão vantagem a quem as comanda, das pretas, representam sim um fator de sorte, mas há controvérsias.

A história do xadrez é igualmente fascinante. As competições enxadrísticas oficiais tiveram início ainda no século XIX, sendo Wilhelm Steinitz considerado o primeiro campeão mundial.

Existe também o campeonato internacional por equipes realizado a cada dois anos, a Olimpíada de Xadrez. Já em 19 de novembro é celebrado o Dia Internacional do Enxadrismo, em homenagem ao nascimento do gênio José Raúl Capablanca, o cubano único hispano-americano a se sagrar campeão mundial.

O xadrez foi também instrumento de propaganda de soviéticos e norte-americanos durante a Guerra Fria.

Entre diversos representantes de Moscou surgiu um jovem oriundo da terra de Tio Sam, o gigante Bobby Fischer, um dos maiores de todos os tempos.

Entre os russos podemos citar Boris Spassky, Anatoly Karpov e Viktor Korchnoy e, mais recentemente, Garry Kasparov (esse último é desafeto de Vladimir Putin). Toda essa história é brilhantemente contada em “Rei branco e rainha vermelha”, de Daniel Johnson, editado no Brasil pela Companhia das Letras.

Ainda sobre os russos e sua paixão pelo xadrez registre-se a cena final da minissérie “O gambito da rainha”, em cartaz na Netflix.

A protagonista, uma jovem campeã, passeia por Moscou e, em uma praça, se depara com uma multidão de jogadores praticando a arte em dezenas de tabuleiros públicos. Imagem antológica.

Em suma, quem descobre o xadrez tem um universo totalmente novo pela frente. Eu recomendo uma incursão nesse mundo. Bem como recomendo o livro de Vladimir Nabokov, “A defesa Lujin”, infelizmente fora de catálogo. Pode ser um bom início para quem se interessar.

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