Partindo do jazz e da bossa nova e combinando-os com outros estilos folclóricos e urbanos, ele é situado entre os músicos populares brasileiros de maior sucesso
Por Misto Brasil – DF
O pianista, arranjador, compositor e produtor musical Sérgio Mendes morreu nesta sexta-feira (06) em Los Angeles, nos EUA, onde morava desde os anos 60, após uma carreira que abarcou mais de seis décadas. A causa da morte não foi divulgada. Desde o fim do ano passado, o músico vinha enfrentando doenças decorrentes de problemas respiratórios.
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Partindo do jazz e da bossa nova e combinando-os com outros estilos folclóricos e urbanos, ele é situado entre os músicos populares brasileiros de maior sucesso, em todos os tempos.
Sérgio Santos Mendes nasceu em 11 de fevereiro de 1941, filho de um médico, em Niterói. Dos seis aos 14 anos, frequentou o Conservatório de Música da então capital do estado do Rio de Janeiro, onde estudou piano clássico.
Em 1956, reza a lenda, escutou na casa de um amigo seu primeiro disco de jazz, de Dave Brubeck. A experiência transformou sua percepção musical, e o pianista americano virou uma forte influência, ao lado de Horace Silver e Art Tatum. Mendes passou a tocar em diversas formações jazzísticas: trios, quartetos, quintetos.
Paralelamente, do outro lado da Baía de Guanabara, alguns jovens estavam engendrando aquele que seria possivelmente o estilo musical brasileiro mais famoso e apreciado: 1958 é considerado o ano oficial de nascimento da bossa nova, com o lançamento do disco 78 rpm Chega de saudade, do carioca Antônio Carlos Jobim. O cantor e violonista é o baiano João Gilberto, que também assinou o lado B, Bim bom.
Mendes embarcou desde cedo nessa nova bossa. Em 1961, formou o Sexteto Bossa Rio (saxofone tenor, dois trombones, piano, contrabaixo e bateria), com o qual fez turnês pelo Brasil, e lançou o LP Dance moderno. Já no ano seguinte, participou do prestigioso Bossa Nova Festival do Carnegie Hall, ao lado de Gilberto, Tom Jobim, Luiz Bonfá, Stan Getz, Charlie Byrd e outros.
Um impulso importante na trajetória ascendente do niteroiense foi o contato com o saxofonista Cannonball Adderley, que insistiu: “Você precisa ir para os Estados Unidos.” A decisão de deixar o Rio de Janeiro veio em 1964, o ano do golpe de Estado que daria a partida a 21 anos de ditadura militar no Brasil.
Numa entrevista à jornalista australiana Sandy Kaye, em março de 2023, ele explicaria melhor: “É uma linda palavra, acho que descreve exatamente estar no lugar certo na hora certa.” Assim Sérgio Mendes se definia: música, serendipity e alegria. (Texto da DW)