A marca entrou com pedido de falência, citando a diminuição do interesse em seus produtos e a redução das margens de lucro
Por Misto Brasil – DF
Karen Watters tinha 18 anos de idade, era recém-casada e tinha um filho pequeno quando começou a vender Tupperware na década de 1970.
“Naquela época, eu não conseguia nem ter um cartão de crédito. O banco não me dava, mesmo que eu fosse a única que estivesse trabalhando. Eram tempos diferentes para as mulheres”, disse à DW.
Antes de 1974, mulheres casadas nos Estados Unidos não podiam solicitar um cartão de crédito em seu próprio nome, lembrou o repórter Sarah Hucal.
Watters organizava reuniões para suas amigas e conhecidas, conhecidas como “festas da Tupperware”, ganhando uma comissão por tudo o que vendia. Com o dinheiro que conseguia, ela ajudou o marido a concluir a universidade.
“Ele estudava engenharia elétrica, e eu comprei todas as suas ferramentas. Tudo o que ele tinha vinha do dinheiro que eu ganhava vendendo Tupperware. E nós precisávamos do dinheiro.”
Para Watters, como para muitas outras mulheres, vender os potes de plásticos herméticos era uma forma de ajudar a família a sobreviver. A festa da Tupperware, uma nova abordagem de vendas introduzida na década de 1950, levou milhares de mulheres a começar seus próprios negócios.
A empresa anunciou recentemente sua falência, mas isso não diminui sua relevância para a história e e para o empoderamento de muitas donas de casa.
Os icônicos recipientes plásticos foram criados pelo empresário e químico americano Earl Tupper. De acordo com o site da empresa, em 1946, ele “teve uma fagulha de inspiração enquanto criava moldes em uma fábrica de plásticos”.
Descobriu assim uma maneira de fabricar plástico flexível e durável capaz de vedar tão bem quanto uma lata de tinta.
Há muito tempo, novos formatos fazem parte da estratégia da marca: a Tupperware recebeu mais de 280 prêmios de design por seus projetos e funcionalidade de produtos desde 1982.
No entanto, a marca entrou recentemente com pedido de falência, citando a diminuição do interesse em seus produtos e a redução das margens de lucro. Entre os motivos para o pedido de recuperação judicial, a Tupperware alega não ter conseguido atrair tanto os consumidores mais jovens.
Ainda assim, de cosméticos a brinquedos sexuais, muitas outras empresas adotaram o método de festas para vender produtos, seguindo o modelo de sucesso da Tupperware.
Embora possa ser o fim de uma era, a Tupperware continua incorporada à vida de milhões de pessoas e entrelaçada à história do século 20.