A declaração acontece um dia depois de o governo dizer que está surpreso com o tom ofensivo do país vizinho
Por Misto Brasil – DF
A Venezuela acusou o Brasil neste sábado (02) de “tentar enganar” a comunidade internacional e pediu para o Itamaraty “não se intrometer em questões que dizem respeito apenas aos venezuelanos”.
Em nota, o Ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, também disse que o Brasil tenta “se passar por vítima em uma situação em que claramente agiu como perpetrador”.
“O Itamaraty empreendeu uma agressão descarada e grosseira contra o presidente constitucional, Nicolás Maduro Moros, contra as instituições e contra os poderes públicos”, disse o documento.
A declaração acontece um dia depois de o governo do presidente Lula da Silva, em comunicado, se dizer surpreso com o “tom ofensivo” adotado por “autoridades venezuelanas em relação ao Brasil e seus símbolos nacionais”.
Na última quarta-feira (30) a Venezuela havia convocado seu embaixador em Brasília como forma de repudiar uma fala do assessor especial de Assuntos Exteriores, Celso Amorim.
O conselheiro de Lula disse, em sessão na Câmara dos Deputados, que “houve uma quebra de confiança dentro do processo eleitoral” da Venezuela.
Maduro também chamou o representante de negócios do Brasil em Caracas para dar explicações – a embaixadora, Glivânia Oliveira, está de férias –, e ameaçou declarar Amorim “persona non grata”.
Na quinta-feira (31), a Polícia Nacional da Venezuela publicou em sua conta oficial do Instagram uma imagem da bandeira do Brasil e uma silhueta de Lula com os dizeres “quem mexe com a Venezuela se dá mal”, o que teria motivado a resposta do Itamaraty.
As tensões entre os dois países crescem a cada oportunidade em que o Brasil se nega a reconhecer a vitória de Maduro nas eleições de 28 de julho. O pleito que o alçou a um terceiro mandato foi tomado por acusações de fraude, e o líder chavista acusou o Itamaraty de “conspirar contra a Venezuela.”
Além do Brasil, outros países, como os EUA, a União Europeia e grande parte da comunidade internacional, não reconhecem a vitória de Maduro e continuam a exigir a publicação dos boletins das urnas.
O atrito aumentou ainda mais após o governo brasileiro vetar a entrada da Venezuela nos Brics, em outubro, apesar da pressão de Maduro.