Em nota divulgada em 2023, a empresa disse rejeitar todas as acusações. Os fatos teriam acontecido entre 1974 e 1986
Por Misto Brasil – DF
A Volkswagen do Brasil está sendo acusada perante a Justiça de ter explorado mão de obra em condições análogas à escravidão e se beneficiado de um esquema de tráfico de pessoas em uma fazenda no município de Santana do Araguaia, no Pará, entre os anos de 1974 e 1986.
A ação civil pública, movida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), foi ajuizada nesta quarta-feira (04). O órgão cobra da montadora uma indenização no valor de R$ 165 milhões por danos morais coletivos, anotou a Agência DW.
Em nota divulgada em 2023, a Volkswagen do Brasil disse rejeitar todas as acusações e discordar das “declarações unilaterais dos fatos apresentados por terceiros”, e que só teriam sido levadas a conhecimento da empresa três anos após o início das investigações pelo MPT.
A denúncia do MPT se baseia em relatos de “jornadas exaustivas, condições degradantes de trabalho e servidão por dívida” na Fazenda Vale do Rio Cristalino.
Segundo o órgão, a propriedade de 139 mil hectares – quase tão grande quanto a cidade de São Paulo – pertencia à Companhia Vale do Rio Cristalino Agropecuária Comércio e Indústria (CVRC), uma subsidiária extinta da empresa.
A propriedade era usada pela Volkswagen para criação de gado e extração de madeira durante a ditadura militar.
As denúncias chegaram ao órgão em 2019 pelas mãos do padre Ricardo Rezende Figueira, que, à época, era coordenador da Comissão Pastoral da Terra (CPT) para a região do Araguaia e Tocantins da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
A Volkswagen chegou a ser procurada pelo MPT para um acordo, mas acabou se retirando da mesa de negociações em março de 2023.
Ao jornal Folha de São Paulo, a Volkswagen do Brasil disse que ainda não foi notificada sobre a denúncia e que não comenta processos em andamento.