Hamas fez planos para dividir o território de Israel em cantões depois da suposta derrota do Estado judeu, segundo jornalista israelense
Por Sionei Ricardo Leão – DF
Líderes do Hamas acreditavam que os ataques de 7 de outubro de 2023 a Israel seria o início do fim do estado judeu no Oriente Médio. Tanto que dias antes da invasão se reuniram no Hotel Colorado, em Gaza, para planejar o que fazer com o território conquistado dos judeus.
No encontro com presença de economistas, advogados e arquitetos, definiram que na nova configuração do Israel derrotado, o país seria dividido em cantões, especialmente ao sul de Tel Aviv.
O conceito de cantão tem a ver com divisão administrativa do território do país, como procede a Suíça na atualidade. Equivale ao que no Brasil se define como estados e outras nações províncias ou departamentos.
Ou seja, o Hamas chegou a esboçar como ia governar o espólio israelense depois da vitória por meio de combates, conforme acreditavam os comandantes da organização terrorista.
A informação foi revelada pelo jornalista Henrique Cymerman, em palestra nessa terça-feira (18) na Associação Cultural Israelita de Brasília (ACIB), evento promovido em conjunto com Instituto Brasil Israel (IBI).
Cymerman é jornalista israelense especializado em temas judaicos. Durante a palestra, ele compartilhou que entrevistou a grande maioria dos líderes do Hamas.
Nos depoimentos, uma informação foi reafirmada por todos, ou seja, a convicção de que a destruição de Israel é uma certeza, embora não tenham data certa para que aconteça, ao menos na mente desses ativistas palestinos.
Durante a guerra contra o Hamas, o governo israelense na palavras do primeiro ministro Benjamin Netanyahu, afirmava que a nação estava lutando em sete frentes ao mesmo tempo, o que inclui o enfrentamento ao Hezbollah apoiado pelo Irã no norte, o Hamas em Gaza, os houthis no Iêmen, terroristas na Cisjordânia e as milícias xiitas no Iraque e na Síria.

Na avaliação de Cymerman, Israel teve vitória em praticamente todas essas demandas militares. No entanto, vem sendo derrotado numa oitava, ou seja, a diplomacia pública. “O governo não consegue se explicar ou informar corretamente o que está acontecendo.
Na maior parte das vezes, delega essa tarefa a porta vozes do Exército, o que não tem se mostrado eficaz”, critica o jornalista israelense.
O jornalista atribuiu a essa fragilidade de comunicação por parte do governo israelense o fato de informações como a reunião do Hotel Colorado, em Gaza, permanecer praticamente desconhecida da opinião pública internacional e em muitos casos da própria sociedade israelense.
Um dos objetivos do Hamas com os ataques de 7 de outubro de 2023 foi alcançado. A guerra que se desencadeou impediu a assinatura de Israel de novas etapas dos Acordos de Abrahão – tratativas internacionais de paz intermediadas pelos Estados Unidos da América, que já tinham sido celebradas com os Emirados Árabes, Bahrein, Marrocos e Sudão.
O próximo agendado era com a Arábia Saudita, que foi cancelado por causa da guerra em Gaza.
Cymerman disse também que o Hamas pretendia que os ataques provassem um clima de medo na população israelense e desencadeasse uma fuga em massa do país, o que não aconteceu.
Esse conceito se traduz numa frase: do rio ao mar, ou seja, que a meta é retirar judeus da faixa de terra entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo. “Essa é uma ideia inadmissível” disserta o jornalista israelense.