O Brasil tem vantagens estratégicas que o colocam em posição de liderança nessas negociações. A geopolítica também favorece o Brasil
Por Thomas Law – SP
O Brasil tem vantagens estratégicas que o colocam em posição de liderança nessas negociações. O economista Marcos Troyjo destaca que o país é uma superpotência alimentar e um dos maiores exportadores de sustentabilidade do mundo.
Com abundância de recursos hídricos e uma agricultura adaptável, o Brasil está preparado para atender à crescente demanda global por alimentos de forma sustentável. A tendência de queda populacional em 184 países nas próximas décadas reforça essa importância, já que poucos deles terão capacidade de aumentar a produção agrícola sem comprometer o meio ambiente.
A geopolítica também favorece o Brasil. A guerra tarifária entre Estados Unidos e China fez com que Pequim restringisse importações agrícolas americanas, consolidando o Brasil como principal fornecedor alternativo.

Esse cenário reforça a necessidade de um esforço diplomático para que o país se posicione como referência em agro sustentável e consiga atrair investimentos para a preservação da Amazônia, que será um dos temas centrais da COP30.
O desafio, no entanto, não será apenas econômico. A saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, sob a gestão Trump, enfraqueceu os esforços multilaterais, criando um vácuo de liderança.
A China, maior produtora mundial de energia renovável, tem assumido um papel decisivo na transição energética e se coloca como uma peça-chave para impulsionar os debates na COP30.
O Brasil, como anfitrião da conferência e presidente do Brics, terá a responsabilidade de unir interesses diversos e buscar um consenso. O sucesso dessa estratégia dependerá da capacidade do bloco de apresentar uma posição coesa e de pressionar os países desenvolvidos a cumprirem suas obrigações para amenizar as mudanças climáticas.
A COP30 será um teste de liderança para o Brasil e um termômetro para o futuro da governança ambiental global. O mundo espera avanços concretos, e o fracasso nas negociações não será apenas uma derrota diplomática, mas um risco real para o planeta.
(Thomas Law é presidente do Instituto Brasileiro de Ciências Jurídicas (IBCJ) e do Instituto Sociocultural Brasil-China (Ibrachina)