A observação é do presidente do Conselho de Educação do DF, Álvaro Domingues. Segundo ele, foi o maior crime que se cometeu naquela época
Por Misto Brasil – DF
No programa Bastidores da Educação – veiculado ao vivo pelas redes sociais na quinta-feira (27) -, o presidente do Conselho de Educação do Distrito Federal, Álvaro Domingues, disse que as crianças passaram fome em casa durante a pandemia da Covid-19.
A citação foi por conta de perguntas que mencionavam problemas estruturais da escola pública, como a merenda escolar que é, ainda, um grande atrativo para a permanência no aluno nas escolas, inclusive no Distrito Federal.
Assista o programa na íntegra logo abaixo.
Leia: recursos destinados à educação são insuficientes
Álvaro Domingues citou um artigo que escreveu no início da pandemia no Correio Braziliense. Ele disse que fez uma cruzada para que as escolas abrissem na crise de saúde. Ele utilizou o slogan “as escolas previnem, os hospitais curam”.
A pandemia começou em março de 2020 e foi encerrada oficialmente em maio de 2023.
No Brasil, os óbitos se aproximam dos 700 mil, em um universo de 37 milhões de casos já diagnosticados.
Nos três anos, o coronavírus descoberto em Wuhan, na China, causou 759 milhões de casos de covid-19, que provocaram 6,8 milhões de mortes, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Omissão histórica e escola integral
O conselheiro lembrou que na época, o Sindicato dos Professores do Distrito Federal fez um levantamento e concluiu que 120 mil alunos estavam com baixa qualidade de nutrição e que iam para a escola para se alimentar.
“A criança não contou com a escola naquela época. Foi o maior crime, a maior omissão do país foi isso. A escola se omitiu naquele momento, fechou as portas e crianças passaram fome em casa”.
“E não só passaram fome, mas ficaram mais vulneráveis por conta da pandemia”.
No programa, que teve também a participação do senador Sérgio Petecão (PSD-AC) e da defensora pública Clarice Binda, Álvaro Domingues lamentou a descontinuidade do projeto da Escola Classe.
O programa foi criado na década de 1960 no Distrito Federal por Anísio Teixeira e, segundo o conselheiro, foi um dos maiores projetos de educação do mundo.
“O projeto foi descontinuado por questões políticas”, lamentou.
Anísio Teixeira foi um importante educador brasileiro do século XX que defendia uma educação pública, gratuita e laica.
A Escola Parque tinha uma concepção de “escola integral”, tema que volta a ser discutido na reforma do ensino básico.
“A educação integral tem uma concepção e uma pedagogia que não é só ficar na sala de aula ou mais tempo na escola”. Envolve, disse Álvaro Domingues, questões lúdicas como levar música, teatro, vivência de artes e formação para o trabalho.
O Bastidores da Educação é um projeto do site de notícias Misto Brasil que começou no dia 15 de janeiro. É veiculado a cada 15 dias com dois entrevistados simultaneamente. Durante uma hora o assunto envolve o temário da educação, seus problemas e soluções.
O próximo programa está previsto para o dia 10 de março, uma quinta-feira, às 9h30.