O foco deve estar no ensino fonético, estruturado por letramento silábico e mapeamento de som-grafema
Por Luiz Bandeira da Rocha Filho – DF
A promulgação da Lei nº 13.415/2017 instituiu mudanças profundas na Base Nacional Comum Curricular, incluindo a obrigatoriedade do ensino da Língua Inglesa nas redes de ensino e nas práticas de educação não formal.
A norma estabelece, de forma implícita, a necessidade de resultados mensuráveis, inovação pedagógica e efetividade no processo de ensino-aprendizagem.
Contudo, persiste um paradoxo: apesar de anos de ensino formal da língua inglesa, a maioria dos estudantes brasileiros conclui o ciclo escolar sem ser capaz de compreender textos simples ou manter uma conversa básica.
Essa realidade demonstra a ineficiência dos métodos tradicionais de ensino, calcados, em sua maioria, na gramática normativa e em abordagens ultrapassadas, descoladas do funcionamento natural da aquisição de linguagem.
Por que os resultados não aparecem?
A prática pedagógica atual inverte a lógica da aquisição natural da linguagem. Na infância, aprendemos a língua materna ouvindo, repetindo sons, atribuindo significado e, somente depois, reconhecendo letras e formando palavras.
Ninguém aprende a falar português a partir da gramática, mas sim pela imersão auditiva e fonética.
Apesar disso, o ensino de inglês no Brasil ainda insiste em começar pela leitura e gramática, sem a devida construção da base auditiva e fonológica. Esse modelo contraria décadas de estudos em neurociência, linguística aplicada e psicologia cognitiva, que apontam a consistência fonêmica como pilar da alfabetização eficaz — tanto na língua materna quanto na estrangeira.
Metodologias ineficientes geram desperdício de recursos.
A insistência em métodos que não funcionam compromete não apenas o desempenho dos alunos, mas a eficiência dos investimentos públicos e privados na educação.
É imperativo reavaliar a forma como se ensina inglês, especialmente diante da demanda crescente por fluência como critério de empregabilidade e inserção global.
Nesse cenário, destaca-se a necessidade de adotar metodologias de ensino mais eficazes, baseadas em evidências e alinhadas com a forma natural com que o cérebro humano adquire linguagem.
O foco deve estar no ensino fonético, estruturado por letramento silábico e mapeamento de som-grafema, replicando o processo natural da aquisição da língua materna.
Referência internacional: o modelo britânico e o sucesso do Phonics.
A Inglaterra, referência mundial em políticas públicas de alfabetização, adotou desde 2007 o método Systematic Synthetic Phonics como política obrigatória para o ensino inicial da língua inglesa.
Os resultados foram expressivos: o país saltou de ranking intermediário para líder em alfabetização na Europa, segundo dados do Progress in International Reading Literacy Study (PIRLS) de 2016 e 2021.
O governo britânico reconhece que a alfabetização fonética sistemática, baseada na relação direta entre fonemas (sons) e grafemas (letras), reduz drasticamente a evasão escolar, melhora a autoestima dos alunos e eleva os níveis nacionais de leitura e escrita.
E a resposta brasileira? Tabelinha do Inglês, solução lógica e racional.
No Brasil, a empresa Inglês Fácil Express, sediada em Brasília, desenvolveu ao longo de duas décadas uma tecnologia pedagógica inovadora com base no letramento fonético-silábico estruturado, sintetizado na metodologia da “Tabelinha do Inglês” — composta por 10 regras e 10 exceções que permitem o domínio da lógica sonora da língua inglesa.
Trata-se de uma tecnologia educacional que rompe com o método de memorização e repetição mecânica, substituindo-o por compreensão ativa do som, da pronúncia e da relação entre letras e fonemas.
Com base em algoritmos fonológicos e engenharia da linguagem, a Tabelinha permite que qualquer aluno alfabetizado em português possa decodificar palavras em inglês desde o primeiro contato com o idioma.

Como mensurar resultados?
A eficácia da metodologia pode ser mensurada por meio de indicadores objetivos:
• Capacidade de leitura autônoma de palavras em inglês já no primeiro mês de estudo;
• Compreensão auditiva de comandos básicos;
• Construção fonológica ativa, sem necessidade de repetição ou memorização cega;
• Redução do tempo médio de alfabetização em língua inglesa de 2 anos para no máximo 6 meses.
Essa abordagem já foi validada em diversas redes públicas e privadas de ensino e pode representar um divisor de águas na história da educação brasileira. Trata-se de uma metodologia que entrega resultados, evita desperdícios e prepara jovens para um mundo globalizado — sem abrir mão de suas raízes e respeitando os processos naturais do desenvolvimento cognitivo e linguístico.
1. Department for Education (DfE), UK – “The Reading Framework: Teaching the Foundations of Literacy” (2023)
2. PIRLS 2021 Results – England’s performance in reading literacy (IEA.org)
(Luiz Bandeira da Rocha Filho é consultor e foi secretário-geral do Ministério da Educação)