CPI das Apostas: o preço de influenciar

Influenciadora Virginia Pimenta da Fonseca CPI das Bets Misto Brasil
Influenciadora Virginia Pimenta da Fonseca durante depoimento na CPI das Bets do Senado Federal/Arquivo/Lula Marques/Agência Brasil
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Virgínia Fonseca foi acusada de ter, em contrato com as casas de aposta, uma cláusula que lhe garantiria 30% do valor perdido por jogadores

Por Isadora Lira – DF

A influenciadora Virginia Fonseca, conhecida socialmente apenas como Virginia, que acumula mais de 50 milhões de seguidores nas redes sociais, depôs nesta terça-feira,13, à CPI das Bets, no Senado Federal, em Brasília.

Convocada como testemunha, ela respondeu a perguntas sobre os contratos publicitários firmados com casas de apostas on-line, como Blaze e Esportes da Sorte. O depoimento, que durou mais de três horas, trouxe declarações que repercutiram intensamente, incluindo a polêmica chamada “cláusula da desgraça”.

O Misto Brasil transmitiu ao vivo o depoimento pela homepage do site

Leia: CPI das Bets vai interrogar influenciadora

Não é novidade que Virginia é uma das influenciadoras mais acompanhadas do país e já faturou, promovendo diversas marcas, incluindo sua própria empresa, milhões de reais.

A influenciadora foi acusada de ter, em contrato com as casas de aposta, uma cláusula que lhe garantiria 30% do valor perdido por jogadores.

Durante a CPI, Virginia negou essa versão e afirmou que, na verdade, o contrato previa que, caso dobrasse o valor do faturamento da empresa promovida, ela teria direito a um adicional de 30% sobre esse valor.

Na prática, resulta em um esforço para que mais e mais pessoas joguem. E em um cenário em que, segundo a Agência Brasil (EBC), mais de 1,8 milhão de pessoas ficaram inadimplentes por comprometerem a renda com apostas online em 2023, a cláusula, embora legal, não deixa de ser cruel.

Virginia declarou que não se arrepende das campanhas publicitárias e que sempre seguiu a legislação vigente. Afirmou também que alertava seus seguidores sobre os riscos envolvidos nos jogos. Mas, ao ser confrontada com relatos de seguidores que perderam dinheiro e pediram ajuda, respondeu:

“Não tenho como socorrer.”. Questionada sobre seu posicionamento, disparou: “Se é tão ruim para a população, então que proíbam tudo.”

É importante observar o peso desse momento. Ver uma das influenciadoras mais populares do Brasil sendo chamada a prestar contas diante do Senado e da sociedade não é trivial. Para milhares de brasileiros expostos diariamente à publicidade agressiva e irresponsável nas redes sociais, esse gesto representa um avanço. Mostra que a internet não é uma terra sem lei, e que o alcance digital vem, sim, com deveres..

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