A decisão foi tomada em unanimidade pelos diretores do BC, mantendo assim o ciclo de alta da taxa básica de juros
Por Misto Brasil – DF
Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (18) elevar a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, de 14,75% para 15% anuais. Atualizado às 19h15
A decisão foi tomada em unanimidade pelos diretores do BC, mantendo assim o ciclo de alta da taxa básica de juros das última sete reuniões, desde setembro do ano passado.
O mercado estava bastante dividido nos últimos dias de a diretoria do BC iria optar por uma elevação adicional na taxa ou decidir pela manutenção dos juros e escolher uma comunicado mais duro.
A opção foi pela alta, mas também com aviso de que o atual patamar será mantido por mais tempo, enquanto são examinados os impactos da política monetária mais agressiva.
Veja a recpercussão
A decisão do Copom indica um grau a mais no nível de austeridade do Banco Central, que já vem aumentando os juros desde setembro do ano passado, e um recado de que vai continuar perseguindo com ainda mais afinco a meta de inflação, avalia Ricardo Serone, diretor Financeiro e de Investimentos da BB Previdência.
Segundo Serone, a desaceleração da inflação em maio, bem como as expectativas do mercado para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que também vêm recuando, aliado ao dólar mais fraco, ainda não foram suficientes para levar tranquilidade à autoridade monetária.
“A inflação está resiliente, acima do teto da meta, o que deve manter os juros em patamar elevado por mais tempo”.
Flávio Serrano, economista-chefe do Banco Bmg, fez uma análise sobre a decisão.
“O Copom decidiu elevar a taxa básica contrariando nossas expectativas. Acreditávamos que o BC manteria a taxa estável em 14,75% a.a. nesse encontro de junho.
“Apesar da alta, a sinalização prospectiva aponta para uma interrupção no ciclo de elevação da Selic, em se confirmando o cenário esperado daqui até a próxima reunião”.
“Os membros querem agora examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado e, assim, avaliar se o nível atual é suficiente para assegurar a convergência da inflação para a meta”.
Paulo Cunha, CEO da iHUB Investimentos, avalia que a elevação do Banco Central é coerente com o atual cenário inflacionário e o horizonte para reduções só deve se abrir a partir de 2026.
“A decisão foi técnica e crucial. Agora, a continuidade ou não das altas vai depender dos indicadores, compromisso do governo com as contas públicas e da confiança nos rumos da economia brasileira nos próximos meses”, afirma.
Segundo Cunha, o cenário externo também pode influenciar diretamente os próximos passos do BC.
“Se os Estados Unidos iniciarem um ciclo de afrouxamento monetário antes do previsto, isso pode antecipar uma mudança também por aqui. Mas, por enquanto, o tom da ata será o principal termômetro do mercado”