O caso evidencia que bancos não são vítimas passivas. São responsáveis por seus processos internos. Marcos do Banco Central exigem estruturas robustas de controles
Por Fernando Moreira – SP
O episódio recente envolvendo o Banco Master, independentemente de sua natureza específica, reforça a urgência de instituições financeiras tratarem compliance e governança não como formalidades, mas como pilares estratégicos de continuidade, credibilidade e competitividade.
O setor bancário opera sob intensa regulação do Banco Central, em um ambiente onde a confiança é o ativo principal. Qualquer falha interna rapidamente se traduz em risco reputacional, o qual, no sistema financeiro, converte-se instantaneamente em risco financeiro.
O caso evidencia que bancos não são vítimas passivas. São responsáveis por seus processos internos. Marcos do Banco Central exigem estruturas robustas de controles, gerenciamento de riscos, segregação de funções e mecanismos de prevenção a desvios. A falha reside na insuficiência do arcabouço de governança da própria instituição.
A governança, no setor financeiro, deve ser uma engenharia de segurança: precisa funcionar, ser testada e integrada à cultura.
A área de compliance deve ter autonomia, capacidade de supervisão e respaldo irrestrito do Conselho de Administração. Sem esse suporte, normas se tornam apenas papel e os riscos se acumulam silenciosamente.
É crucial entender que falhas internas raramente são isoladas; elas sinalizam fraquezas sistêmicas na tomada de decisão, gestão de terceiros ou conflito de interesses.
Pela natureza sensível de suas operações, o setor bancário não pode tolerar controles frágeis.
Em instituições financeiras, todo desvio é grande, pois compromete a integridade do sistema.
Quando um banco enfrenta ruídos de falha, a confiança dos clientes é afetada, o custo operacional sobe e há um efeito cascata no mercado. Por isso, governança e compliance são camadas estruturantes de mitigação de riscos organizacionais, protegendo a organização contra seus próprios erros e vulnerabilidades.
O episódio serve como um alerta nítido: na lógica bancária atual, a integridade é tão vital quanto a liquidez. Governança sólida garante coerência entre discurso e prática. Compliance eficaz não é rigidez, mas sim maturidade organizacional.


