A oferta de eventos, imersões e mentorias aumenta, mas a capacidade dos empresários de transformar orientação em execução permanece limitada
Por Misto Brasil – DF
Levantamento do Sebrae mostra que, embora entre 68% e 82% dos empreendedores participem de mentorias, cursos e programas de formação, menos de 20% conseguem aplicar de forma consistente o que aprendem na rotina da empresa.
O dado expõe um gargalo estrutural: o conhecimento é adquirido, mas não chega a se transformar em processos, métricas ou mudanças operacionais.
Para especialistas, o cenário evidencia uma disfunção crescente no ecossistema de desenvolvimento empresarial.
A oferta de eventos, imersões e mentorias aumenta ano após ano, mas a capacidade dos empresários de transformar orientação em execução permanece limitada.
O resultado é um acúmulo de informações sem aderência ao dia a dia justamente onde os negócios enfrentam suas maiores pressões.
O fundador da Saygo e especialista em estruturação de empresas,Thiago Oliveira, observa esse movimento há anos.
Segundo ele, o problema não está na qualidade das mentorias, mas na falta de mecanismos que apoiem o empresário após o aprendizado.
“O empreendedor sai energizado da capacitação, mas volta para uma agenda que consome todo o tempo com tarefas operacionais. É nesse choque entre teoria e rotina que a implementação morre”, afirma.
Oliveira explica que a principal dor relatada por donos de pequenos negócios é a dificuldade de criar sistemáticas claras para aplicar novos métodos.
“Não falta conhecimento. Falta estrutura para transformar esse conhecimento em hábito organizacional. Sem rotina, o aprendizado se perde em poucos dias”, diz.
Para Oliveira, a próxima fronteira do desenvolvimento empresarial está justamente na transição entre o aprendizado e a execução.
“Ela precisa continuar dentro da empresa, com acompanhamento, método e tecnologia que ajudem a transformar intenção em ação. Sem isso, continuaremos formando empresários que sabem o que precisa ser feito, mas não conseguem fazer”, conclui.


