Ele fez o apelo em Marcelha na presença de Emmanuel Macron e observou que vários portos do Mediterrâneo estão fechados
Por Misto Brasília – DF
O papa Francisco pediu neste sábado (23) à União Europeia (UE) que faça um acolhimento justo dos migrantes que chegam de forma irregular no bloco e, “na medida do possível, amplie as entradas legais”, uma vez que “a rejeição não é a solução”.
A declaração foi feita em Marselha, no sul da França, em um evento que contava com a presença do presidente francês, Emmanuel Macron. O papa estava em visita oficial à França, na qual priorizou o tema da imigração em seus discursos.
“O Mediterrâneo deixou de ser o berço da civilização para se tornar o túmulo da dignidade. É o grito abafado dos irmãos e irmãs imigrantes”, disse o papa perante uma audiência.
Nesta reunião também estava o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, e a vice-presidente da Comissão Europeia, Margaritis Schinas, registrou a Agência DW.
“Contra o terrível flagelo da exploração dos seres humanos, a solução não é rejeitar, mas garantir, na medida das possibilidades de cada um, um amplo número de entradas legais e regulares, sustentáveis graças a um acolhimento justo por parte do continente europeu, no âmbito da cooperação com os países de origem”, propôs.
Na sexta-feira, o papa também havia dito que “este lindo mar tornou-se um enorme cemitério, onde muitos irmãos são privados do seu direito a uma sepultura”. Francisco destacou que vários portos do Mediterrâneo estão fechados para a chegada de migrantes e “duas palavras ressoam, alimentando os temores das pessoas: invasão e emergência”.
Ele rechaçou o uso do termo invasão, porque “quem arrisca a vida no mar não invade, busca abrigo”. Quanto à emergência, disse que “o fenômeno migratório não é tanto uma urgência momentânea, sempre oportuna para suscitar propaganda alarmista, mas uma realidade do nosso tempo”.
De janeiro a julho, 176 mil pessoas tentaram entrar na UE de forma irregular. É maior o número desde 2016, quando havia a crise de refugiados da Síria.