Juscelino desmente boatos de continuísmo

Jânio Quadros e Juscelino Kubitschek Misto Brasil
Jânio Quadros toma posse na Presidência ao lado de Juscelino Kubitschek/Arquivo Nacional
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Em seu período presidencial, Juscelino conseguiu cumprir a obrigação constitucional que vigorava desde a Carta de 1891

Por Sérgio Botelho – DF

Em 31 de janeiro de 1961, menos de 10 meses após ter inaugurado Brasília, Juscelino Kubitschek passou a faixa presidencial ao novo presidente eleito, Jânio Quadros. Havia JK cumprido integralmente o seu mandato que teve início em 31 de janeiro de 1956.

Na época, não tinha reeleição e o mandato presidencial era de cinco anos. Em seu período presidencial, Juscelino conseguiu cumprir a obrigação constitucional que vigorava desde a Carta de 1891, e, ainda, uma inverossímil promessa de campanha, que foi a construção da nova capital brasileira no planalto central do país, a cidade de Brasília.

Não foi tarefa fácil tendo em vista as enormes dificuldades que enfrentou diante de resistências ao projeto surgidas de todos os lados da vida política, financeira e administrativa nacional. A inauguração de Brasília, contudo, não significou ainda uma vitória definitiva para a consolidação da nova capital. Diferentemente disso, as resistências continuaram e, em alguns casos, até cresceram, ameaçando o insucesso da pretensão.

Uma delas veio em forma de perigoso boato a pôr em dúvida as convicções democráticas do presidente e que tinham a intenção de lhe prejudicar a credibilidade e destruir o que fosse possível do seu projeto de governo.

Acontece que ao mesmo tempo que Brasília era inaugurada, em 1960, estava a pleno vapor a campanha presidencial visando a sucessão de JK, com o pleito previsto para acontecer em 3 de outubro daquele ano.

Os dois principais candidatos eram o paulista Jânio Quadros, que havia sido vereador, deputado estadual, deputado federal, prefeito da capital e governador de seu estado natal, e o paraense Marechal Lott que, na condição de ministro da Guerra impediu que um golpe de estado inviabilizasse a posse de Juscelino na Presidência da República.

Em meio à vitória alcançada pela inauguração de Brasília, foi espalhada a notícia de que JK estaria intentando mudar a Constituição para permitir que pudesse ser reeleito.

Coube a um ex-ministro da Justiça do governo Juscelino, Armando Falcão, a pedido do presidente, desmentir cabalmente a suposta pretensão de Kubitschek, em comunicado veemente feito ao chegar ao Rio de Janeiro, no dia 25 de abril de 1960, quatro dias após inaugurada Brasília. “…o governo só tem um pensamento: garantir a soberania da manifestação das urnas, sem a mais mínima intenção de desviar ou permitir que se desvie o curso natural do processo democrático”, asseverou Falcão.

Como já registramos desde o início, Jânio, ferrenho opositor de Juscelino, venceu a eleição de outubro e tomou normalmente posse em janeiro de 1961.

A convicção democrática de Falcão é que mudou pois, em vista da renúncia de Jânio, em 25 de agosto de 1961, ele (Armando Falcão) se filiou à corrente que desejava impedir de qualquer jeito a posse do vice-presidente constitucional, João Goulart.

(Sérgio Botelho é Jornalista)

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