Os números são claros. Boulos aparece com 30% das intenções de voto, enquanto Nunes tem 29%
Por André César – SP
A mais recente pesquisa do DataFolha sobre a sucessão paulistana acendeu um incômodo sinal de alerta na campanha de Guilherme Boulos (PSol), hoje o favorito na disputa. O empate com o atual prefeito da cidade, Ricardo Nunes (MDB), mostra que o embate está em aberto.
Os números são claros. Boulos aparece com 30% das intenções de voto, enquanto Nunes tem 29%. Pior, o atual mandatário da cidade começa a se tornar mais conhecido da população. O psolista recebeu 83% de citações de conhecimento popular, enquanto 85% dizem o mesmo do prefeito.
É evidente que ser conhecido pelo eleitorado não representa voto automático. Muito pelo contrário, a depender de uma má gestão (de Nunes) ou de problemas com a economia (caso de Boulos, candidato do presidente Lula) podem afugentar votos. Não há jogo fácil nesse processo.
O levantamento mostra um importante trunfo para o pré-candidato do PSol, no entanto. Indicada para a vaga de vice de Boulos, Marta Suplicy (PT) ficou em primeiro lugar no ranking de prefeitos dos últimos quarenta anos na capital paulista. Ela tem 16%, contra 13% de Paulo Maluf. Nesse quesito, problema para Nunes. Apenas 3% consideram-no o melhor administrador do período.
No caso, há de se observar se a ex-prefeita é conhecida pelas novas gerações – e se terá condições de mobilizar esse contingente, em especial na periferia. Afinal, seu nome é mais citado entre os eleitores acima de 60 anos de idade. No caso dos jovens, quem se sai melhor é Fernando Haddad (PT), com 25% das citações.
Sobre rejeição, 34% afirmam que jamais votariam em Boulos, contra 26% de Nunes. Aqui a explicação esteja no fato do psolista ter como das principais marcas sua condição de líder do Movimento Sem Teto, que pode afastar o eleitor mais conservador. A conferir.
Por fim, o quadro de polarização se repete também na maior cidade do país. Nem podia ser diferente. A capital paulista representa o principal laboratório de governo e oposição para a sucessão presidencial de 2026. Tudo pode acontecer.