Uma eleição fora do radar

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Eleitores uruguaios voltam às urnas neste domingo/Arquivo/Le Monde Diplomatique
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As eleições presidenciais no Uruguai foram realizadas no domingo e se repetem no próximo na segunda rodada

Por André César – SP

Enquanto no Brasil as atenções estavam voltadas para as eleições municipais e também aqui (e no resto do mundo) os olhos de todos se voltam para a disputa norte-americana, outro processo sucessório em curso desperta pouca atenção. Falamos do pleito no Uruguai.

O primeiro turno ocorreu no domingo, 27 de outubro, e a segunda rodada se dará em 24 de novembro. Esquerda e direita estão no páreo, com leve favoritismo para o primeiro grupo. Leve, pois, como se sabe, segundo turno é outro jogo.

Aos números. Concluída a apuração inicial, o esquerdista Yamandú Orsi, da Frente Ampla e afilhado político do lendário Pepe Mujica, recebeu 44% dos votos.

Em segundo lugar apareceu o representante da centro-direita Álvaro Delgado, com 27%. Ele tem como principal apoiador o atual presidente, Lacalle Pou, do Partido Nacional.

Uma curiosidade na legislação uruguaia (país que não tem reeleição) é que ela proíbe que o presidente de plantão “endosse” qualquer candidato.

Mesmo assim, Lacalle foi visto jantando em um restaurante com Delgado – e, afinal, todo o país sabe que o titular do governo apoia o candidato da centro-direita. Novidade zero até aí.

No campo da esquerda, por outro lado, a presença de Mujica tem forte caráter simbólico, e não só por sua história. Bastante doente (câncer de esôfago em estágio avançado), ele tem afirmado a todos que esse será seu “último voto”.

Sem entrar no mérito da questão ideológica, será uma enorme perda para a esquerda mundial. Trata-se de um grande ser humano.

Na América do Sul, o Uruguai pode ser considerado um oásis em meio a seus turbulentos vizinhos, com grande estabilidade desde a década de oitenta do século XX. “Democracia modelo” segundo muitos, ela passa longe de qualquer polarização.

Não por acaso, há quem considere a atual disputa “tediosa”, com a avaliação corrente de que, independentemente do vencedor, tudo continuará como sempre.

Resta saber o impacto da eleição no Brasil. Em tese, nada mudará. Ao governo Lula (PT) resta aguardar os resultados e manter as boas relações com o vizinho, seja qual for o vencedor.

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