Texto de Andrea Cunha Freitas
Os investigadores conseguiram aquilo que chamam um efeito “antiobesidade”, primeiro em ratinhos e depois em macacos. Nas experiências realizadas foi explorado o conhecimento adquirido em estudos genéticos que já apontavam para o papel de um receptor específico – o receptor do peptídeo inibidor gástrico (GIP), ou peptídeo insulinotrópico dependente de glicose –, que tem sido caracterizado como um promotor da obesidade.
Os cientistas desenvolveram então um anticorpo dirigido a este receptor do GIP que usaram em ratos. Uma versão humana do anticorpo (denominada hGIPR-Ab) promoveu a perda de peso em macacos obesos, um efeito que foi melhorado quando foi adicionado um tratamento aprovado para diabetes de tipo 2.
É toda uma elaborada receita para ajudar a combater a epidemia da obesidade, um problema de saúde pública global que afeta mais de 650 milhões de pessoas em todo o mundo. Os ingredientes desta receita são anticorpos que têm como alvo um receptor ligado à criação de reservas de gordura.
É, dizem, os autores do estudo publicado na revista Science Translational Medicine, uma potencial terapia para a obesidade. Mas, antes de “alimentar” as esperanças de quem sofre por causa do aumento do peso, é preciso dizer que os cientistas sublinham que o trabalho ainda tem várias limitações e, por isso, é preciso fazer mais estudos para confirmar a eficácia e segurança desta eventual “terapia antiobesidade”.
Ainda assim, os primeiros resultados relatados no artigo são motivo para optimismo. Os cientistas envolvidos neste estudo usaram os resultados obtidos em investigações anteriores que já mostravam que a hormona GIP promove a formação de gordura e desempenha um papel no desenvolvimento da obesidade. Já se tinha observado, por exemplo, que os ratos que não têm GIPR (o receptor para o GIP) são resistentes ao ganho de peso, mesmo quando alimentados com uma dieta indutora de obesidade.
Agora, Elizabeth Killion, investigadora no Departamento de Distúrbios Cardiometabólicos na empresa biofarmacêutica norte-americana Amgen, coordenou o trabalho de uma equipe que desenvolveu um anticorpo contra o GIPR e investigou o seu potencial para combater a obesidade.
(Andrea Cunha Freitas é repórter do Público)