Texto de Hugo Studart
O Islã foi concebido pelo gênio de Mohammad, um homem que bebeu do Judaísmo e do Cristianismo para buscar sintetizar uma nova ética para os beduínos.
Foi fundamentada nos princípios da justiça e da paz, da solidariedade e da igualdade entre os homens, a mais universal das religiões, a única que jamais viu diferença entre branco e negro, rico ou pobre, língua ou cultura. Busca a redenção dos fiéis somente e tão-somente na capacidade individual de fé em um Deus Único, a quem eles chamam de Allah, os judeus de Yaveh e as línguas latinas de Deum.
Intriga entender como foi que o mesmo Islã que produziu homens como Ibn Khaldun, filósofo com a grandeza de São Tomás de Aquino e com a profundidade de Hegel, sobre quem Toynbee certa feita reconheceu ter ele concebido “uma filosofia da história que é sem dúvida o maior trabalho que jamais foi criado por qualquer espírito de qualquer tempo e em qualquer país”.
É o mesmo islã que produziu “teólogos” como o aiatolá Ruhollah Khomeini, líder maior da revolução teocrática que tomou o poder no Irã em 1979, um “filósofo” capaz de asseverar verdades tão profundas quanto a de que:
“Onze coisas são impuras: a urina, o excremento, o esperma, os ossos, o sangue, o cão, o porco, o homem e a mulher não muçulmanos, o vinho, a cerveja e o suor do camelo”.
É esse tipo de pensamento que fundamenta as leis e as praticas cotidianas hoje proferidas pelos doutos magistrados iranianos.
(Hugo Stutard é jornalista, doutor em História e professor na Universidade de Brasília)