PT, o novo quarentão

Executiva do PT
Reunião da comissão executiva do PT realizada no Rio que rejeitou alianças com DEM e PSDB/Divulgação/Diego Padilha
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Nesse dia 10 de fevereiro, o PT completa 40 anos de existência. Um dos mais importantes partidos do período pós-redemocratização do Brasil, teve seus altos e baixos. Há o que se comemorar, mas há também muito a fazer para que a legenda repense sua agenda programática e recupere o protagonismo de tempos atrás.

Principal partido de massas do país, o PT tem uma história rica. Conquistou capitais importantes, como São Paulo e Porto Alegre; disputou o segundo turno na primeira eleição presidencial pós-redemocratização; dividiu com o PSDB os holofotes da cena política entre 1994 e 2016; elegeu dois presidentes da República; tem uma das principais lideranças políticas da história do Brasil, Lula (goste-se dele ou não).

Mas problemas não faltam, e são muitos. As acusações de corrupção durante seus governos macularam a imagem da legenda e são sempre lembradas pelo eleitor médio (“mas e o PT?”). O antipetismo, por sinal, foi fator importante na eleição de Jair Bolsonaro, em 2018.

No plano interno, também são muitas as questões a serem abordadas. A renovação de lideranças praticamente não ocorreu, e a agremiação depende muito da figura de Lula. A atual bancada na Câmara dos Deputados, apesar de ser a maior entre todas as legendas, tem poucos jovens entre seus integrantes – aliás, o partido precisa se reaproximar da juventude, com um discurso claro e objetivo.

Também as conversas com os demais partidos de esquerda são problemáticas. O PT segue hegemônico e dificilmente cede espaço para grupos do mesmo espectro ideológico.

Por fim, os petistas não têm conseguido responder à altura aos movimentos do governo Bolsonaro. Com um discurso vago de crítica à condução da política econômica, o PT mais assiste que atua. E as crises do governo, cabe lembrar, são gestadas no próprio Planalto, com respostas tímidas do partido.

Antes de concluir, é importante que se diga uma coisa: movimentos como o MBL, o RenovaBR e outros, surgidos na esteira das manifestações de junho de 2013, tiveram como um de seus alvos o establishment político – incluindo partidos tradicionais como o MDB, o PSDB e o DEM. O PT, é claro, estava nesse balaio. Em comum, nenhuma dessas legendas encontrou ferramentas para enfrentar o novo quadro.

Diz o antigo ditado que a vida começa aos quarenta. Para o PT, a data deveria gerar profundas reflexões na busca por soluções para os problemas enfrentados pela legenda. A (ainda) jovem democracia brasileira agradece.

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