Texto de José Cruz
A medalha de Thiago Braz chegou no pior momento do atletismo brasileiro. Num momento desacreditado, de raríssimos nomes com chances de final. Por isso, esta conquista poderá ser o trampolim para recolocar a modalidade nos trilhos e, principalmente, mostrar que o esporte brasileiro não pode naufragar no flagelo da pós-olimpíada.
Thiago tem 22 anos e deu lição aos cartolas e políticos brasileiros. O pódio no Rio não foi ao acaso, ele já vinha de carreira crescente desde a categoria juvenil. E, como diz o professor Fernando Franco, especialista em atletismo, “sempre mantendo regularidade”. Ou seja, o caminho estava aberto para a grande marca.
Thiago não se abateu diante da presença de um campeão olímpico na pista e foi ousado.
Ao garantir a prata e ter apenas um salto a cumprir, mandou subir o obstáculo para 6,03 e transferiu a pressão para o francês. O resultado todos viram.
Atletismo e natação sempre tiveram um duelo silencioso nos bastidores das disputas olímpicas. Seus dirigentes disputavam quem conquistaria mais medalhas, a cada quatro anos. A natação ganhava com folga.
Mas foi na Olimpíada do Rio que o atletismo dourado de Adhemar Ferreira da Silva, de Joaquim Cruz e de Maurren Maggi; de Nelson Prudêncio, de João do Pulo, do quarteto de prata no revezamento 4×100 de Sidney mostrou reação, com ouro e recorde. Ao contrário da natação, não faltou “coração” ao garoto Thiago Braz.
Esta não é apenas uma medalha importante para o quadro de medalhas que já assustava o COB. É, se quiserem, a medalha salvadora de um esporte que vinha desacreditado. E, principalmente, inspiradora para as novas gerações. E esta “tempestade” que se espera se formar tem nome de atleta pra lá de ousado, Thiago Braz.