“O presidente [Jair] Bolsonaro quer acabar com os povos indígenas no Brasil. [O governo] trata a terra e a nós como mercadoria”, afirmou o líder indígena Davi Kopenawa, porta-voz dos ianomâmis, ao apresentar uma denúncia à ONU contra o governo Bolsonaro por violações dos direitos dos povos indígenas isolados no Brasil. “Ele [o presidente] não gosta de índio e não gosta de mim”, complementou.
A denúncia foi apresentada ontem (03) durante a 43ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, na Suíça, que decorre até 20 de março. O relatório submetido às Nações Unidas foi elaborado pelo Instituto Socioambiental (ISA) e detalha como as ações adotadas pelo governo desde o início de 2019 têm elevado o risco de genocídio e etnocídio dos povos indígenas isolados do Brasil.
“Dos 115 povos indígenas isolados do país, 28 já foram reconhecidos pela Funai (Fundação Nacional do Índio). Outros aguardam o processo administrativo de qualificação, mas esses processos estão praticamente paralisados”, explica o pesquisador do ISA Antonio Oviedo, que denuncia o que chama de desmonte dos órgãos de proteção dos povos indígenas no país.
Durante a sessão do órgão das Nações Unidas, a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, incluiu o Brasil na lista de países que provocam preocupações sobre direitos humanos devido a “retrocessos significativos de políticas de proteção do meio ambiente e dos direitos dos povos indígenas”. (Da DW)