Mourão desnuda questões geopolíticas por trás de pressão ambiental

Vice-presidente Hamilton Mourão
Mourão se elegeu senador pelo Rio Grande do Sul/Arquivo/Marcos Oliveira/Agência Senado
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Na quinta-feira (09), o vice-presidente Hamilton Mourão, presidente do Conselho da Amazônia, liderou um diálogo de alto nível do Brasil com representantes de oito fundos de investimento internacionais, para tratar da política ambiental brasileira, tema considerado estratégico para a imagem do país no exterior. O evento é continuidade das ações iniciadas com a própria criação do Conselho e reiterada pelo presidente da República, em seu discurso na última Cúpula do Mercosul, realizada em 2 de julho.

Na oportunidade, Jair Bolsonaro revelou “que  nosso Governo dará prosseguimento ao diálogo com diferentes interlocutores para desfazer opiniões distorcidas sobre o Brasil e expor as ações que temos tomado em favor da proteção da Floresta Amazônica e do bem-estar das populações indígenas”, explicou em recado enviado, principalmente, aos europeus.

No encontro com os investidores estrangeiros, Mourão reforçou o compromisso brasileiro com a preservação do meio ambiente, especialmente no combate ao desmatamento ilegal e as queimadas na Amazônia. Esse trabalho conta, inclusive, com o apoio das Forças Armadas através da Operação Verde Brasil 2.

A Operação Verde Brasil 2 é coordenada pela vice-presidência da República, em apoio aos órgãos de controle ambiental e de segurança pública. A missão deflagrada pelo Governo Federal, em 11 de maio de 2020, visa ações preventivas e repressivas contra delitos ambientais na Amazônia Legal. A determinação presidencial para emprego das Forças Armadas em Garantia da Lei e da Ordem (GLO) foi publicada em maio e renovada em 10 de junho, até 10 de julho. Nesta sexta-feira, o Executivo decidiu prorrogar a presença das Forças Armadas na região, até 6 de novembro de 2020, na faixa de fronteira, nas terras indígenas, nas unidades federais de conservação ambiental e em outras áreas federais nos estados da Amazônia Legal.

Como parte da estratégia de corrigir distorções, Mourão, revelou que, durante a reunião, tratou sobre as medidas tomadas pelo Conselho da Amazônia, “de forma multidisciplinar”, entre elas as que tratam sobre mineração em terra indígena, saúde indígena, combate ao desmatamento, regularização fundiária e acordos internacionais assinados pelo Brasil.

O vice-presidente também retomou as conversas em torno do Fundo Amazônia, especialmente com Noruega e Alemanha, seus principais doadores e que aguardam os resultados dos esforços do Brasil para reduzir o desmatamento ilegal e as queimadas. À todos, o governo adiantou que editará um decreto suspendendo a autorização para o uso de queimadas para fins agrícolas por 120 dias. Em agosto do ano passado, o governo editou um decreto proibindo a prática por 60 dias.

Na mesma linha, a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, detalhou a proposta do governo de regularização fundiária na Amazônia. O governo deixou claro que a agricultura de exportação não é feita na Amazônia e nem precisa avançar sobre as terras da região. Inclusive, por serem áreas que não contam com infraestrutura de transporte e cujos solos não são adequados ao plantio. Atualmente, o bioma amazônico responde por apenas 2% da produção agrícola e 14% da pecuária.

No entanto, para o vice-presidente que, na qualidade de general, comandou na Amazônia, o que está por trás das pressões ambientais é o desejo de impedir que o Brasil se torne o grande celeiro do mundo, sem contar todas as questões estratégicas relacionadas com o rico subsolo amazônico.

Para o vice, o crescimento do Brasil no setor agropecuário gera pressões externas. “Não há dúvidas de que seremos em breve a maior potência agrícola do mundo. E é óbvio que aqueles que serão incomodados pelo avanço da produção brasileira buscarão de alguma forma impedir que essa produção evolua como vem ocorrendo. Então, vamos sofrer pressões. E uma dessas pressões é dizer que o Brasil está destruindo a Amazônia para produzir alimentos, o que não é uma verdade”, explicou Mourão.

O recado, claro e objetivo, foi ouvido por representantes dos fundos de investimentos Legal and General Investment Management (Reino Unido), Nordea Asset Management (Suécia), SEB Investment Management (Suécia); Storebrand Asset Management (Noruega), KLP (Noruega), Robeco (Países Baixos), AP2 Second Swedish National Pension Fund (Suécia), Sumitomo Mitsui Trust Asset Management (Japão).

Ficou claro, também, que o Brasil deseja boas parcerias na área, mas não aceitará ninguém apontando o dedo, principalmente aqueles cujos interesses estão muito longe do bem estar das pessoas, da floresta e da sua biodiversidade.

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