Um artigo publicado no final do mês de setembro no semanário The Lancet, uma das mais antigas e prestigiadas publicações científicas do mundo, pôs um novo termo no já extenso debate sobre o novo coronavírus. O texto defende que o mundo não enfrenta simplesmente uma pandemia, mas uma “sindemia“.
O artigo é assinado pelo editor-chefe da revista, Richard Horton. Ele argumenta que a Covid-19 não é uma peste como outra qualquer já vista no passado e que, por isso, merece abordagem diferente. O termo sindemia, por isso, seria mais adequado: o vírus não atua sozinho, mas compactuando com outras doenças. E a desigualdade social tem papel-chave nisso.
“A covid-19 não é uma pandemia. É uma sindemia. A natureza sindêmica da ameaça que enfrentamos significa ser necessária uma abordagem mais diversificada se quisermos proteger a saúde de nossas comunidades”, escreve Horton.
O artigo repercutiu em alguns dos principais meios de comunicação internacionais e ganhou eco no mundo científico. A americana Sociedade de Medicina de Catástrofes e Saúde Pública, por exemplo, defendeu, em artigo intitulado “Covid-19 à Covid-20”, que a resposta institucional à atual crise seja baseada num “pensamento sindêmico, e não pandêmico”.
A palavra “sindemia”, portanto, entra aos poucos no glossário do debate sobre a Covid-19, ao lado de termos como “lockdown“, “imunidade de rebanho” e “achatar a curva”, antes praticamente desconhecidos do grande público. Mas o que significa exatamente sindemia?
O que é sindemia? – O termo “sindemia” foi cunhado nos anos 1990 pelo antropólogo médico americano Merrill Singer, mais conhecido por suas pesquisas sobre abuso de substâncias, HIV/aids e disparidades sociais na saúde da população. (Da DW)