Desde as primeiras horas desta quinta-feira (22), as equipes de campo do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) que atuam contra as queimadas em todo o país começaram a desmobilizar suas operações em andamento. A justificativa do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente, para a suspensão das atividades é falta de dinheiro.
Consultado, o Ibama não informou quantas equipes do Prevfogo estavam em campo e qual o possível impacto do encerramento das atividades de combate nesse momento crítico. O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou hoje que o governo vai desbloquear os recursos necessários para a retomada das atividades das brigadas de incêndios florestais em todo o país. Mourão disse ao G1 que já conversou com o ministro da Casa Civil, Braga Netto, para esclarecer a questão. Ele não informou o valor que deve ser liberado.
A ordem veio de um despacho emitido na noite anterior e assinado por Ricardo Vianna Barreto, chefe do Prevfogo. “Determino o recolhimento de todas as brigadas de incêndio florestal do Ibama para as suas respectivas bases de origem (…), onde deverão permanecer aguardando ordens para atuação operacional em campo”, diz o documento.
A suspensão das atividades não significa que o fogo foi controlado. Pelo contrário, dados atualizados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam que os biomas continuam em chamas. Na Amazônia, os focos de calor registrados nos 21 primeiros dias de outubro (7.855) já superaram o número de todo esse mês no ano passado (13.106), um aumento de 67%. A mesma tendência é observada no Cerrado (48%) e no Pantanal (11%).
Para Márcio Astrini, do Observatório do Clima, a notícia do encerramento das atividades só não é mais espantosa por vir do governo Bolsonaro. “Estamos com recordes de incêndios florestais na Amazônia e no Pantanal, que vive sua pior situação da história”, afirmou à DW.