Centenas de economistas e banqueiros renomados divulgaram uma carta aberta neste domingo (21) em que exigem dos governantes brasileiros medidas efetivas contra o avanço do coronavírus no país. O documento já possui mais de 500 assinaturas. Para o grupo, a saída definitiva da crise requer a vacinação em massa da população
Entre os nomes que referendam a carta estão os ex-ministros da Fazenda Pedro Malan, Maílson da Nóbrega, Marcílio Marques Moreira e Ruben Ricupero, e os ex-presidentes do Banco Central Armínio Fraga, Affonso Celso Pastore, Gustavo Loyola, Ilan Goldfajn e Pérsio Arida.
Também há pessoas ligadas ao mercado financeiro, incluindo o conselheiro do Itaú Unibanco, Pedro Moreira Salles, e o presidente do Credit Suisse, José Olympio Pereira.
Segundo a imprensa brasileira, a carta será enviada na próxima semana aos chefes dos três poderes: o presidente Jair Bolsonaro e os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, do Senado, Rodrigo Pacheco, e do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux.
Os economistas e banqueiros alertam para a “situação econômica e social desoladora” enfrentada atualmente pelo país, que se tornou “o epicentro mundial da covid-19, com a maior média móvel de novos casos” no mundo, e menciona o quadro “alarmante” do sistema de saúde brasileiro, com o esgotamento dos recursos na grande maioria dos estados e insuficiente número de leitos de UTI, respiradores e profissionais de saúde.
O grupo detalha também como a pandemia assolou a economia brasileira, com uma taxa de desemprego por volta de 14%, “a mais elevada da série histórica”, e observam como a contração do PIB, de 4,1% em 2020, afetou “desproporcionalmente trabalhadores mais pobres e vulneráveis”.
“Esta recessão, assim como suas consequências sociais nefastas, foi causada pela pandemia e não será superada enquanto a pandemia não for controlada por uma atuação competente do governo federal”, destacam os signatários da carta.
Os economistas ainda denunciam que o governo do presidente Bolsonaro, um negacionista da Covid-19, “subutiliza ou utiliza mal os recursos de que dispõe, inclusive por ignorar ou negligenciar a evidência científica no desenho das ações para lidar com a pandemia”.
“Estamos no limiar de uma fase explosiva da pandemia, e é fundamental que a partir de agora as políticas públicas sejam alicerçadas em dados, informações confiáveis e evidência científica. Não há mais tempo para perder em debates estéreis e notícias falsas. Precisamos nos guiar pelas experiências bem-sucedidas, por ações de baixo custo e alto impacto, por iniciativas que possam reverter de fato a situação sem precedentes que o país vive”. (Da DW)