Se há alguma dúvida de que a casta política, de uma maneira geral, está na contramão da história e do discurso que pregam em público, registre mais uma prova.
Os três maiores partidos com assento na Câmara, o PMDB, PT e PP, ainda não indicaram membros para compor a comissão especial que vai discutir as propostas de combate à corrupção.
Nem mesmo o PCdoB, que exala moralidade nos plenários do Senado, da Câmara e nas assembleias legislativas estaduais, também não indicou sequer um membro. E três semanas após a criação da comissão, o PSC também se nega a apresentar um nome.
A decisão leva a um entendimento de que, apesar do que dizem, operam contra a Operação Lava Jato, a maior limpeza ética que o Brasil experimenta desde o início da República, em 1889.
Na Câmara, dos 27 partidos com assento no plenário, somente 14 partidos (PTN, SD, PRB, PHS, DEM, PTB, PR, PSD, PROS, PV, PSDB, PSB, PDT e Rede) apresentaram 18 membros titulares. Faltam ainda outros 12 nomes.
Na edição de hoje, o jornal O Globo, explica que os projetos das “10 Medidas contra a Corrupção” foram apresentados ao Congresso em março, por iniciativa do Ministério Público Federal e entidades que recolheram mais de 2 milhões de assinaturas.
Como sempre, quando não há interesse de que algo de bom vá pra frente, sempre se arranja uma desculpa.
Segundo a Mesa Diretora da Casa e assessores, o presidente em exercício da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), aguarda todos os líderes indicarem seus representantes para dar início aos trabalhos.
Técnicos das comissões especiais, contudo, dizem que o colegiado não precisaria estar completo para ser instalado, que dependeria de “vontade política”.
Por mais que se tente justificar, é inconcebível que nesta crise que coloca a moral do Brasil no fundo do esgoto, os partidos e os parlamentares se façam de surdos.
Infelizmente, é isso que está ocorrendo.